O Shopping Palladium completou ontem cinco anos. Quando foi inaugurado, escrevi a história de um senhor elegante e boêmio que, uma vez por mês, retornava do Paraguai com muito dinheiro no bolso. Seria um executivo da fronteira? Ou seria o rei dos cassinos?

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Era o Mister Palladium, como ficou conhecido em Curitiba.

Com hábitos sofisticados, Mister Palladium se hospedava em hotel cinco estrelas e, quando saía na noite, todas os garçons conheciam o “bom vivant”. Só não se conhecia a origem daquela riqueza descoberta há bem pouco tempo, através de um tradicional joalheiro curitibano.

Por se tratar de um shopping, Palladium está escrito em inglês, “of course”. No bom português, escreve-se paládio: um metal da família da platina que foi isolado pela primeira vez pelo químico inglês Wallaston, em 1803, e só utilizado em joalheria em 1939. Até então a sua preparação era muito problemática. Os americanos o introduziram no mercado durante a escassez da platina motivada pela Segunda Grande Guerra, pois toda a platina conhecida era pouca para as armas de precisão.

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O Brasil é um dos maiores produtores deste metal de coloração branco-gris, bem semelhante à platina e muito usado em joalheria, odontologia, relojoaria, instrumentos cirúrgicos, contatos elétricos e produtos de alta tecnologia.Se hoje poucos sabem o que vem a ser Palladium, raros são aqueles que sabiam o valor do paládio. Nosso misterioso personagem sabia.  Mister Palladium, no final do século passado, já sabia que o paládio era especialmente utilizado na indústria automotiva. Na fabricação de catalisadores para o escapamento dos modernos automóveis, como os veículos da Renault, por exemplo.

Mister Palladium sabia mais: sabia que no Paraguai circulavam moedas cunhadas em paládio que podiam ser compradas, digamos, a preço de banana. Bem mais baratas que um Rolex de fabricação local.

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Mister Palladium sabia ainda mais: aquelas moedas de coloração branco-gris chegaram ao Paraguai pelas mãos de refugiados alemães da Segunda Guerra Mundial. E eram tantos os que fugiram com os cofres do nazismo para a América Latina, e tantas as moedas de paládio circulantes, que até cinco anos atrás podiam ser adquiridas com relativa facilidade. A operação era simples: Mister Palladium tinha um punhado de “garimpeiros” locais que se encarregavam de explorar a “mina germânica” no interior do Paraguai. Só que os paraguaios não sabiam. Se no outro lado da fronteira valiam um dólar, aqui valiam dez dólares. As moedas brancas eram fundidas em lingotes, embaladas e entregues nas boas casas do ramo.

Mister Palladium levou boas lembranças das noites curitibanas. Contudo teve mais sorte junto ao lago azul de Ypacarai, onde achou o mapa de um tesouro paraguaio.