Para comemorar os 321 anos de Curitiba e os 90 anos do artista Poty Lazzarotto, às 13 horas em ponto do sábado, 29 de março, a chef Helena Menezes vai abrir as panelas do Risoto do Armistício, almoço para relembrar no Passeio Público o tempero da dona Júlia, a mãe de Poty.

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Dentro do movimento para a revitalização do Passeio, o Risoto da Amizade (como era chamado em sua origem no Cajuru) será um encontro marcado para serenar os ânimos, brindar os novos e velhos amigos em torno de uma boa mesa.

Afora o Risoto da Amizade, receita que dona Júlia servia no lendário “Vagão do Armistício”, a chef  Helena Menezes vai servir três outras receitas do mesmo prato: Risoto de funghi, Risoto de rúcula e tomate seco e com especial destaque o Risoto de cordeiro da paz: um cordeiro de Deus, para nos trazer a paz de um armistício em torno dos amigos e da boa mesa. Da lavra da chef Helena Menezes, esta é a história do Risoto de cordeiro da paz:

“A receita conserva a tônica dos temperos mediterrâneos da Colônia Argelina, a primeira a se instalar no Paraná, no local depois chamado de Bacacheri. Mais tarde, no pós-guerra, muitas famílias do continente africano de domínio francês se instalaram em Curitiba, vindas igualmente da Argélia. Famílias formadas ainda na Europa, cuja contribuição culinária vai do cuscuz argelino à carne de panela, que se come na casa da linda e culta senhora francesa, dona Elvira Silvestro. 
Criada numa fazenda da Tunísia, dona Elvira conheceu o marido, soldado italiano aliado que lutava na Argélia contra Hitler, nos campos da fazenda em que ela morava com os pais, em Túnis. Alojados nos fundos da cozinha, onde foi construída uma parede para escondê-lo, os dois se comunicavam através de um pequeno buraco, por onde trocavam tanto a água e a comida, quanto as esperanças de paz. Terminada a guerra, a parede de tijolos foi derrubada, mas o amor que nascera através do esconderijose manteve firme. Casaram-se e vieram ao Brasil após o fim da guerra. Aqui criaram seus filhos nos campos salpicados de geada de Santa Felicidade. Após muitos anos, seus netos comem conforme os italianos, pois para o valente soldado era uma desonra cortar o macarrão que, segundo o costume, é servido em primeiro lugar, seguido da carne e da salada. 
A educação da família era italiana, porém todas as receitas de dona Elvira tinham a tônica da comida francesa mediterrânea, numa mistura de influência árabe e africana. A receita do Risoto de cordeiro da paz é feita com a carne do borrego criado pela própria Elvira, que faz questão de frisar a importância da pimenta síria, do açafrão, dos alhos e cebolas “desaparecidos” em longas e cuidadas frituras.

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As reservas para o Risoto do Armistício podem ser feitas até às 17 horas de hoje, pelo telefone 3322-7067, com Muhamed, gerente do restaurante do Passeio Público. Com violão e sax, o maestro Gege Felix vai animar a festa.

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