A história se repete como farsa, ou como tragédia. O que vem se repetindo rotineiramente nos estádios de futebol são pequenas e grandes tragédias – como foi o caso da selvageria de Joinville, entre a torcida do Atlético Paranaense e do Vasco da Gama -, resultado da falta de educação generalizada. Não importa o berço, do pobre ao rico a intolerância é a moeda de troca nestes tempos de elogio à ignorância.

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O cronista Augusto Mafuz abordou o triste acontecido em sua coluna: “A insensibilidade do homem, quase sempre, tem origem na ignorância, enquanto defeito de personalidade. Insensíveis, alguns torcedores do Atlético passaram a constranger o torcedor Alceu do Rosário, 72 anos, parnanguara e atleticano histórico. O pecado que lhe atribuíram foi vestir uma camisa verde em jogo de seu Furacão. Constrangido pela ignorância desses torcedores, provocou uma reação do goleiro Wéverton , que perto do local do fato, tirou a camisa de aquecimento, e o vestiu de vermelho e preto”.

A triste história de Alceu do Rosário foi uma repetição do que aconteceu ano passado no Maracanã, na decisão da Copa do Brasil entre o Flamengo e o Atlético Paranaense. A poucos metros de onde eu estava com meu filho, de repente um tumulto se formou à minha direita. Desatinados, alguns atleticanos passaram a constranger um indefeso senhor de cabelos brancos que vestia uma camisa verde claro. Como se fosse um criminoso, o idoso foi destratado de tal modo que, em meios às agressões verbais e ameaças físicas, praticamente fez um “strip tease” diante da turba ignara.

Diante de tamanha brutalidade, algumas cadeiras distante um sensibilizado atleticano tirou sua própria camiseta para proteger a desprotegida vítima que, alvo de grosserias, sem camisa parecia aguardar o momento de ser conduzido ao patíbulo. Tal e qual fotografei.

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Alceu do Rosário, o histórico torcedor atleticano agredido em sua própria casa, ganhou a proteção não só do goleiro Wéverton como também solidariedade de todos os torcedores que vestem a camisa com amor, e não com ódio.

Quanto ao senhor de respeitáveis cabelos brancos, agredido covardemente no Maracanã, em solidariedade só tenho a lhe oferecer esta fotografia – o retrato da ignorância -, carinhosamente guardada como lembrança daquela triste noite de quarta-feira, 27 de novembro de 2013.

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