O que d

Não estamos em guerra e não sofremos nenhum terremoto, mas, afora os crimes e tragédias do cotidiano, há muito tempo não víamos tantas lágrimas derramadas neste País. Pranto maior só na Copa do Mundo de 50 e na morte de Ayrton Senna.

O chororô começou na cerimônia de abertura das Olimpíadas, em Pequim: choraram Fátima Bernardes e Wiliam Bonner, Sandra Annenberg borrou a maquiagem, a repórter Sônia Bridi debulhou-se em lágrimas e Galvão Bueno exibiu para todo o Brasil suas lágrimas de crocodilo. Se bem que, quando se ouve Galvão Bueno berrar seu amor pela pátria, com os seus vagidos emocionados, já sabemos que ele está sendo pago para isso, e muito bem pago.

Com exceção dos sentimentais bem remunerados, todo brasileiro é sentimental. Adora um chorinho. No bar, então, qual lacrimoso ainda não pediu um chorinho no uísque pro garçom e, na música, não resistimos a um chorinho do Pixinguinha.

No entanto, na semana passada batemos todos os nossos recordes olímpicos de choradeira. Na vitória, sorrimos com lágrimas nos olhos. Na derrota, vertemos lágrimas de solidariedade. Começou com algumas modestas lágrimas de bronze, graças aos nossos judocas. Em seguida, o bravo César Cielo carpiu o ouro que tanto precisávamos. E choramos todos. Principalmente o nosso peixinho campeão, que mostrou ao mundo, ainda na água, que brasileiro chora até com o minuto de silêncio pela morte da mãe do juiz.

Nós brasileiros, somos emocionalmente desequilibrados. O que dá pra rir dá pra chorar. Quando devíamos rir de nós mesmos e dos nossos dirigentes esportivos, não resistimos às lágrimas de Daiane dos Santos, Jade Barbosa e, de modo especial, com a queda de Diego Hypólito. E choramos todos nós. Amanheceu o dia, saímos às ruas e fomos sentar na calçada para “chorar lágrimas de esguicho” (dizia Nelson Rodrigues). Assim como os nossos meninos da ginástica, somos a pátria descalça, e não de chuteiras.

Agora só nos resta receber Diego Hypólito com muita festa e, para não fugirmos à nossa índole, consolá-lo cantando: “Levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima”.

Meninos, a vida continua. E vamos em frente que ainda não perdemos tudo: em fevereiro tem Carnaval, e quem não chora não mama!