Como se diz lá no Água Verde, “é nós na fita!”. A Região Metropolitana de Curitiba tem o terceiro melhor Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) na comparação com outras 16 regiões metropolitanas brasileiras. Só estamos perdendo para São Paulo e Distrito Federal – o que é compreensível, pois só o Lula não sabe que existe um duto para captação de impostos entre a Avenida Paulista e a Esplanada dos Ministérios.

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Dentro de Curitiba, o melhor IDH é do bairro Água Verde – paraíso da classe média curitibana onde o lazer preferido dos “hidroesmeraldinos” é lavar o carro na calçada para depois comer um au-au com duas vinas. E para completar esta alvissareira notícia, que deve ter estufado o peito do prefeito Gustavo Fruet de orgulho – afinal, a família Fruet foi uma das pioneiras daquele bairro italianíssimo -, na avaliação do desempenho entre 14 capitais do país sobre onde é mais favorável o desenvolvimento de novos negócios, Curitiba está em quarto lugar. As primeiras são Florianópolis, São Paulo e Vitória. Curitiba vem na sequência, seguida por Brasília.

Também como se diz lá no Água Verde, “a chi dai il dito si prende anche il braccio” (“Se lhes der o dedo, levam também o braço”). A partir da Operação Lava Jato, Curitiba nunca mais será lembrada como uma cidade dormitório entre São Paulo e Porto Alegre. Além do IDHM, na próxima pesquisa das Organização das Nações Unidas (ONU) vamos assumir o também primeiro lugar entre as capitais com mais possibilidades de negócios, principalmente nos ramos de alimentação, hotelaria e segurança.

Nunca antes neste país se poderia imaginar que a Petrobrás fosse alavancar tantos benefícios econômicos para Curitiba. A impressão que se tem é que as ações da Polícia Federal conseguiram detectar na camada pré-lama do rio Belém uma fortuna incalculável para os cofres do município. Dos restaurantes de luxo aos hotéis cinco estrelas, todos estão triplicando o faturamento com a concentração do PIB brasileiro em Curitiba, tendo como hospedeiro o hotel cinco estrelas da Polícia Federal em Santa Cândida.

Além dos jatinhos das empreiteiras que não param de bailar na pista do aeroporto Afonso Pena, as empresas aéreas com escala em Curitiba calculam oferecer um conforto só disponível na British Airways: os passageiros da primeira classe, da executiva e da econômica premium com bilhetes de fidelidade poderão escolher o prato que vão comer a bordo, além de contar com consultoria jurídica no percurso. Até os táxis, que antes eram raros e agora disputam no palitinho as corridas para Santa Cândida, receberam aumento no custo da bandeirada inicial. De R$ 4,60 passou para R$ 4,90 e o quilômetros rodado passou de R$ 2,30 para R$ 2,45. Afora o táxis laranjas em abundância, os prestadores de serviço da Petrobrás também poderão solicitar veículos blindados com placas frias, motoristas poliglotas, além de elegantes acompanhantes a bordo.

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Muito antes de os italianos descobrirem as riquezas “hidroesmeraldinas” do Água Verde, os primeiros desbravadores chegaram ao planalto curitibano em busca do ouro. Como nada encontraram no banhado do Passeio Público, além da cara de brabo do cacique Tindiquera, abriram suas lojinha na Praça Tiradentes e foram levando a vida à sombra da catedral.
Trezentos e vinte e um anos depois, agora só falta os empreiteiros descobrirem petróleo nas barbas do juiz Sérgio Moro.