O parvo e a catraia

No Brasil as garotas de programa têm duplo orgasmo (o segundo é quando recebem em euros), cafetina é chamada de tia, cafetão é um apaixonado e na tabela dos bordeis estudante paga meia. É por essas e outras que as praias no Nordeste se tornaram o mais generoso destino sexual do mundo, conforme o relato dos repórteres Mauri Konig e Albari Rosa (fotos) na Gazeta do Povo.

A série de reportagens (que começou no domingo e encerra hoje) mostra que o turismo sexual no Brasil, mesmo com o euro sofrendo de disfunção erétil, é um negócio que não para de crescer. Conta um dono de pousada que 70% dos italianos, os melhores fregueses,vêm ao Brasil atrás de um belo rabo de saia: “Quando abri a pousada, em agosto quase não pegava casais. Em cada quarto tinha um italiano. Eles ficavam 25 dias. À noite, cada um trazia uma mulher. No outro dia ele vinha com outra, no outro dia era outra, no outro dia era outra”.

Não é nenhuma novidade que os italianos gostam do “bunga-bunga”, como dizia o ex-primeiro-ministro e dono do Milan Silvio Berlusconi, acusado de manter relações sexuais com prostitutas “dimenor”. Desde o leito de Cleópatra, passando pelos garanhões travestidos de papa. A novidade é que os tempos são outros, muitos italianos chegam ao Brasil com calça de veludo e voltam pra casa com o rabo de fora.

Conheci pessoalmente um deles. Filho único e herdeiro de uma pequena propriedade rural (o que no norte da Itália é muita coisa), o “ragazzo” conheceu uma belíssima galega no Rio de Janeiro que se dizia estudante de turismo, nascida em Santa Catarina.

 O parvo acreditou na catraia. Um mês depois estavam casados. Foi conhecer a família dela em Jaraguá do Sul com um caminhão de presentes, mesmo sabendo que a garota era demais para o caminhãozinho dele. Na volta, depois de uma semanada em Balneário Camboriú, assinaram a escritura de compra de um luxuoso apartamento na Barra da Tijuca.

Cego de um olho (literalmente), mesmo assim o parvo descobriu que a esposa era na verdade uma garota de programa da Zona Sul. Uma Maria Chuteira famosa por jogar nas onze. Com uma bela coleção de chifres, o coitado tentou consertar o casamento levando a mulher para morar na Itália, na casa da família. Uma vez catraia, sempre catraia: a Maria Chuteira também lhe arrumou umas guampas em Milão, onde as noites dos craques brasileiros careciam de mão de obra especializada.

No final do segundo tempo, o parvo foi expulso do apartamento por um amante da própria esposa, precisou vender parte da propriedade na Itália para cobrir os prejuízos e a galega realizou o sonho de trazer a família de Jaraguá do Sul para morar na Barra da Tijuca.