Para fechar o Carnaval no melhor estilo curitibano, na Quarta-Feira de Cinzas mais um caminhão ficou preso nas garras da Ponte Preta. Só neste ano, três caminhoneiros se deixaram enganar pelo limite de 3,6 metros para os veículos que circulam na Rua João Negrão.

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Inaugurada em 1944, com estrutura metálica importada dos Estados Unidos, a desativada ponte ferroviária é um dos mistérios de Curitiba. Segundo fontes espíritas, deve-se ao Espírito Zombeteiro que desde 1976, quando a ponte foi tombada pelo patrimônio cultural do Estado, vem levando os motoristas ao encalhe da João Negrão.

É maligna a vingança do Espírito Zombeteiro da Ponte Preta. Jogador e apostador compulsivo, falecido pouco antes do fechamento do Cassino Ahu, o Espírito Zombeteiro é aquele infeliz, vítima da jogatina, que amanheceu pendurado numa das árvores do Passeio Público e que até hoje ninguém sabe que fim levou o cadáver.

Assim insepulto, o azarado jogador do Cassino Ahu resolveu sair por aí fazendo apostas impossíveis pela cidade. Ora incorporado num vendedor de ternos das lojas Hermes Macedo, ora se fazendo passar por um juiz aposentado, o “Poltergeist” da Ponte Preta gostava de ir aos botecos para desafiar os bêbados. Com um deles, apostou que conseguiria comer um vidro de rollmops em menos de dois minutos. Comeu tudo com uma só cerveja. De outra feita, na pele de um cabo eleitoral de União da Vitória, apostou com um amigo que em 24 horas seria nomeado procurador da Assembleia Legislativa e, no dia seguinte, seria aposentado pelo Diário Oficial. Dito e feito.

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A brincadeira com a Ponte Preta começou por acaso. Certo dia, no corpo de um motorista de táxi, estava jantando numa churrascaria do Pinheirinho quando apostou com um caminhoneiro gaúcho que ninguém teria coragem suficiente para passar por baixo da Ponte Preta com os olhos fechados. Na aposta, o gaúcho perdeu o bigode, o caminhão e todo o dinheiro que tinha na guaiaca.

O Espírito Zombeteiro gostou da brincadeira. Depois do gaúcho, dois catarinas, três paulistas e um sem números de outros caminhoneiros incautos caíram no golpe da Ponte Preta. O último foi esse motorista que, ironicamente, transportava colchões numa Quarta-Feira de Cinzas.

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Com o mistério desfeito, o Espírito Zombeteiro não sabe se alguém mais vai cair na aposta da Ponte Preta. Mas como nesse mundo tem otário para tudo, seu novo desafio será passar com um camelo no buraco de uma agulha.