(De Paraty) Grande homenageado da Flip (Feira Literária Internacional de Paraty), Millôr Fernandes dizia que “a verdadeira amizade é aquela que nos permite falar, ao amigo, de todos os seus defeitos e de todas as nossas qualidades”.

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Dos tantos amigos por esse mundo afora, Millôr tinha no seu rol de afetos dois ex-governadores do Paraná: Bento Munhoz da Rocha Netto e Jaime Lerner. Conheceu o primeiro nas rodas literárias do Rio de Janeiro. Amizade que se solidificou em 1952, quando o governador convidou Fernando Sabino e Millôr Fernandes para fazerem uma viagem jamais imaginada pelos dois intelectuais de Ipanema : “Vocês querem ver como nasce uma cidade?”.  

Sabino e Millôr embarcaram no mesmo dia para Curitiba, num avião DC-3 e aqui conheceram o Centro Cívico, ainda uma ideia despontando no meio do mato. No dia 14 de dezembro de 1952, a comitiva aterrissou em Toledo, numa pista de pouso feita a machado. No berçário, Toledo comemorou com foguetório a pedra fundamental que Bento Munhoz da Rocha Netto ajeitou na terra fértil e os dois jovens escritores assinaram o livro de fundação de uma cidade que jamais iriam rever.

Seguramente, dos amigos do peito de Millôr Fernandes um deles foi Jaime Lerner. Em sua última visita a Curitiba, Millôr Fernandes veio para a pedra fundamental da Estações Tubo. Ao lado de Luiz  Fernando Verissimo, o ponto alto da domingueira foi o almoço na Churrascaria do Erwin, numa longa mesa com notáveis amigos cariocas, entre eles o cartunista Chico Caruso.

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“Nunca faço planos pro futuro – dizia Millôr – Mas ele faz cada um pra mim!”. Millôr costumava confessar aos amigos – entre eles Jaime Lerner – que se um dia fosse homenageado, que fosse com a colocação de um banquinho “de onde o pessoal pudesse curtir o pôr do sol”. Ele pode ter imaginado, mas nunca deve ter levado a sério a possibilidade de passar a eternidade num banco de praia, assistindo os aplausos para o inigualável pôr-do-sol da praia do Arpoador.

Com projeto de Jaime Lerner e a silhueta desenhada por Chico Caruso, o local escolhido para o “Banquinho do Millôr” ganhou o nome de Largo do Millôr. O ponto onde foi colocado “O Pensador de Ipanema” é como queria o autor da democrática frase “O pôr do sol é de quem olha”. Jornalista, escritor, desenhista, tradutor, dramaturgo e humorista, Millôr Fernandes é de quem abre qualquer um dos seus livros!

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