Tinha um tempo, e não vai longe, quando as maiores agências de publicidade do Brasil vinham fazer pesquisas de mercado com o consumidor Curitibano. Para testar uma nova marca de vinagre, por exemplo, só aqui encontravam especialistas em “rolmops” para testar o produto. Isso naquele tempo em que o “rolmops” (sardinha no palito enrolada na cebola) era feito com vinagre. Nestes tempos politicamente corretos, agora o “tira gosto” (e tira mesmo!) vem no molho de óleo de soja, para não ofender o nariz de ninguém.

continua após a publicidade

Talvez um dos últimos conhecedores de um veraz “rollmops” seja o jornalista Francisco Alfredo Dias Camargo, o cartunista Pancho, que assina um blog na Gazeta do Povo chamado justamente “Rolmops&Catchup”.

Agora, às vésperas de uma modorrenta eleição, muitos forasteiros nos perguntam quem deverá ser o novo prefeito de Curitiba. É difícil de responder, porque a Vila de Nossa senhora da Luz dos Pinhais está irreconhecível. Naqueles tempos em que a cidade era um laboratório de mercado, bastava tomar uma cerveja no Bar Botafogo para sentir o pulso do eleitorado.

Curitibanos da gema são espécies em extinção. São ararinhas azuis como o professor Antônio da Costa Coelho, da tradicional estirpe da famosa Casa Coelho. É dele a tese que o curitibano não só sabe o que quer, como também sabe quem é o melhor e onde se encontra o insuperável.   “Não discuta. Ele sabe. Talvez existam outros tantos melhores, mas, em sua opinião aquele é o único”. Segundo Coelho, Curitibano não dá opinião, sentencia: “No tempo dos automóveis com carburador mecânico não havia ninguém que soubesse consertá-lo. O único e insuperável era o Massaneta, lá na Marechal Floriano, perto do asilo. E costela? Ah! Costela era no Pilarzinho. Ninguém sabia o endereço, mas explicava como chegar. Vire à direita, reto até o posto, pegue à esquerda, ande mais cinco quadras, daí tem uma descida… Lá no fim vire à esquerda, é a terceira casa, cheia de carro na frente. O prefeito só come costela lá. Alfaiate?  Eram muitos, mas o melhor era o Sicca. Caimento impecável. Eletricista de automóveis? Só o Mingo. Outro só faz xaxixo. Broa? Só da Vianna. A própria para fazer o legítimo sanduiche de broa, queijo e salame da Blumenau”.

continua após a publicidade

*******

Cem anos depois de João Antônio Xavier, alcaide de 1912 a 1913, quem quiser saber qual dos candidatos a prefeito é o melhor para Curitiba, basta perguntar para um curitibano da gema. Isso se alguém ainda achar um daqueles de quatro costados, leite quente da cepa.

continua após a publicidade

***