Com seu habitual veneno, ainda se diz na Boca Maldita que a biografia de Paulo Leminski, “O bandido que sabia latim”, de Toninho Vaz, tem dois erros na capa: “O polaco não era bandido e não sabia latim!”. Há controvérsias, depois de uma inédita passagem na vida dos irmãos Paulo e Pedro Leminski, contada pelo advogado Henrique Paulo (Vitamina) Schmidlin.

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Conta Vitamina que numa certa noite, no Bar Guairacá, Pedro Leminski estava em adiantadas libações etílicas quando dois amigos apareceram em polvorosa: “Pedro, levanta e vamos com a gente pra Ilha do Mel!”. Pedro pediu mais uma e convidou os apressados para a saideira. Os dois não quiseram conversa: arrastaram Pedro Leminski para uma Kombi que os aguardava com o motor ligado. Não chegaram a descer a Serra do Mar. Na Polícia Rodoviária foram algemados: a Kombi era roubada.

No dia do julgamento, a única testemunha de defesa de Pedro foi o irmão, Paulo Leminski. Ao entrar na sala, o juiz olhou atravessado para aquele sujeito barbudo e de sandálias de couro: “O senhor não foi avisado que essa não é uma casa de tolerância? Aqui os marginais só entram algemados!”. O escrivão arregalou os olhos e se aproximou do magistrado: “Excelência, ele é o meu professor de latim!”.

O diálogo a seguir entre o juiz e o professor pode não ser tal e qual. Mesmo assim, se não é verdadeiro, é como se fosse.

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Juiz: “Barba non facit philosophum (A barba não faz o filósofo). Professor Paulo Leminski: “Fallitur visio!” (As aparências enganam!). Juiz:  Exceptio regulam probat. Philosophum non facit barba!. (A exceção confirma a regra. Barba não dá juízo!). Professor: “Alium silere quod voles, primum sile!”(Cala primeiro o que queres que os outros calem!). Juiz: Ira quae tegitur nocet (A raiva escondida dói mais!). Professor: Judex ille sapit qui darde censet et audit. Ubi major est, minor cedat” (O bom juiz ouve o que cada um diz. Onde está a força maior, cessa a menor!). Juiz: “Arbor bona fructus bonos facit! (A boa árvore dá bons frutos).

O juiz recolheu os autos do processo e encerrou o julgamento: “O réu é inocente! Soltem o irmão do professor de latim!”.

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