O garrão do artigo 20

O jornalista e escritor Adherbal Fortes de Sá Júnior escreveu que teve um sonho. Sonhou que a lista de best-sellers publicada na revista Veja dessa semana destacava os seguintes campeões de venda na área de não-ficção:1 – Os 12 Malfeitos de Chico / 2 – A Vida Secreta de Caetano / 3 – Tudo que Gil fez para vencer na vida / 4 – As Lamentações de Djavan / 5 – A Completa Verdade sobre o Acordo com Roberto Carlos.

Parceiro de Paulo Vítola na sempre lembrada “Cidade Sem Portas”, peça de teatro que inaugurou o Teatro do Paiol, a imaginação de Adherbal também não tem porteiras. Ele sonhou que se via sufocado na entrada da Livraria Curitiba da Boca Maldita, com seguranças suados lutando para segurar a multidão que desejava os livros. A fila de clientes enlouquecidos não diminuía porque era tanta gente lá dentro que eles só entravam em grupos de dez.

-Lá na loja está muito quente, dona!

-Só cinco minutos para pegar o livro.

-Muito calor. Falta ar. Aquela mulher gorda saiu agora de ambulância!

-Com livro ou sem livro? Porque se saiu com livro vou lá dentro à força para pegar o meu.

Está marcada para hoje a audiência pública no STF (Supremo Tribunal Federal), com transmissão ao vivo pela TV Justiça, onde serão discutidos os dispositivos do Código Civil que permitem o veto a biografias. Enquanto não cai o garrão do Artigo 20, ao lado de Adherbal Fortes só nos resta sonhar com algumas biografias que fazem falta nas livrarias do Paraná:

1 – Como criei o mundo às vésperas da Copa (biografia desautorizada de Mário Celso Petráglia, presidente do Furacão). 2- No fio da outra navalha (últimos dias de Vilson Ribeiro de Andrade, presidente do Coritiba). 3 – De pai para filho, desde que eu me conheço por gente (a vida atribulada de Beto Richa). 5 – Por onde andei com meu tênis branco (memórias de Gustavo Fruet). 6 – Com quantas madeiras se faz um hambúrguer (memória empresarial de Júnior Durski). 7 -De Rainha do Pêssego à Rainha da Casa Civil (a carreira imediata de Gleisi Hoffmann).