No Brasil não acontecem terremotos, tsunamis, furacões e incêndios. Aqui onde o coqueiro dá coco, nesse Brasil lindo e trigueiro, fogo é de isqueiro. Nossa gente inzoneira não teme o fogo como uma das causas de grandes tragédias.

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Em maio, por exemplo, entram em vigor as normas brasileiras de desempenho de materiais e processos da construção civil e, tragicamente, no Brasil só o IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) é equipado para fazer ensaios de fogo. Justamente um dos itens da normatização, onde todos os materiais usados na construção civil serão verificados quanto ao comportamento, reação e resistência ao fogo.

Aqui nas plagas do Brasil Meridional, o fogo é mais conhecido como “fogo de chão”, um fenômeno de combustão para assar pinhão e costela. Para alguns cientistas, é motivo de expectativa, todos eles torcendo para o Lactec (Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento) conseguir implantar o seu laboratório, antes que o circo político pegue fogo.

Em Curitiba o barulho é muito mais perigoso que o fogo. Vejamos o caso da Pedreira Paulo Leminski, como se sabe sem nenhum risco de sofrer um incêndio de grandes proporções (no máximo podia pegar fogo no carrinho do pipoqueiro) e com uma saída de emergência de bom tamanho. Em nome da segurança auditiva da população, alguns vizinhos conseguiram interditar aquele antro de desocupados por vários anos, enquanto não se teve notícia de nenhuma casa noturna ser fechada com o alvará vencido ou infringindo normas de segurança do Corpo de Bombeiros. 

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Não podemos afirmar que a nossa gente ainda esteja na Idade da Pedra (embora muitos mamutes ainda residam e resistam nas imediações da Pedreira), no entanto, os acidentes com fogo só acontecem com os outros, ao vivo e em cores, tendo o William Bonner como âncora.

Aqueles de antes e aqueles de bem antes lembram dos tempos em que o fogo só botava em risco as grandes aglomerações públicas quando os mais exaltados estavam de “fogo”, como registrou o jornal Diário da Tarde de 23 de novembro de 1903:

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GRÊMIO CHEIRA PESCOÇO – Vizinhos estão protestando contra o Grêmio Cheira Pescoço, sociedade de moças do Bigorrilho, que no sábado realizou um baile com feijoada, bucho e grande bebedeira. Quase todos ficaram com dor de barriga, sendo que na saída vomitaram em frente a casa dos outros. A catinga era insuportável. Conforme os vizinhos do Grêmio Cheira Pescoço, faltou pouco para morrer gente no Bigorrilho.