Auspicioso movimento libertário nos chega da Austrália. Movidos pela vaidade, levados pelo inconformismo e o livre arbítrio, ou em protestos contra impostos e leis, cidadãos australianos resolveram formar seus próprios governos imaginários. Autoproclamados duques, barões, príncipes e até imperadores, eles estabeleceram seus próprios territórios, com bandeiras, hinos e moedas próprias.

continua após a publicidade

A Austrália reúne hoje cerca de 20 governos imaginários. O mais famoso deles é o principado de Hutt River, no oeste da Austrália, uma propriedade de 75 km quadrados que hoje se sustenta com 27 mil turistas por ano. O local se tornou o Principado de Hutt River, depois que o fazendeiro Leonard Castley -autodenominado príncipe Leonard – decidiu se separar do país em protesto contra a imposição de um sistema de cotas de produção de trigo.

Outros dois principados famosos, o do Grande Duque de Avram foi fundado por um conhecido ativista anti-impostos, e o Reinado de Gays e Lésbicas foi criado como um protesto simbólico por um grupo de defesa de direitos de gays no Estado de Queensland.

****

continua após a publicidade

Leonel de Moura Brizola sempre dizia que o Brasil devia seguir os exemplos da Austrália, comparando as vastas semelhanças territoriais, climáticas e de mistura étnica daquele país com o nosso. O Paraná e a Austrália se encontram na mesma linha do Trópico de Capricórnio, bem por isso o que deve ser bom para a Austrália deve ser bom para o Paraná.

Brava gente brasileira, longe vá temor servil! Nada temos a perder a não ser os nossos grilhões da vida real. Todo o poder à imaginação, precisamos criar nossos próprios governos imaginários, provado está que governantes e demais instituições vivem no mundo do faz de conta, com suas próprias leis, seus próprios favoritos, regidos pelos próprios desígnios, acima do bem e do mal.

continua após a publicidade

****

Poucos sabem, poucos são os privilegiados, no entanto aqui no Paraná já existem alguns principados que, se não são reconhecidos de público, estão estabelecidos na prática. Em Morretes, por exemplo, temos o Principado dos Malucelli, território comparado com Andorra, um principado que levou 800 anos para ser reconhecido internacionalmente. É muito tempo, mas o príncipe Joel Malucelli ainda chega lá, com o apoio da arquiteta Consuelo Cornelsen, a Marquesa do Nhundiaquara, e o jornalista Geraldo Bolda, o Barão do Porto de Cima. Domingos Pellegrini, o Duque do Pé-Vermelho, separou Londrina do Paraná e seus súditos acreditam ter nascido numa comarca de São Paulo.

Em Curitiba são vários os feudos. Das mais tradicionais, temos a República Independente do Batel, domínio do Barão Soifer. Intramuros de Santa Felicidade, a dinastia Trombini ocupa o território da Vila Nina. O ducado de Petraglia é laico, mas todos obedecem ordens de Deus. ?Se falta champagne, bebam spumanti?, ordena Rafael Greca, o Visconde da Laranjeira. Meu reino é o meu bar, proclama Beto Batata, primeiro e único.

****

Por último, o mais elevado reino, o governo imaginário do Imperador do Cangüiri. Das margens plácidas da represa do Iraí, com mão de ferro Sua Majestade Requião Primeiro, Segundo e Terceiro, empunha o pendão da dinastia Mello e Silva, onde escrito está: ?O estado sou eu, com os meus nepotes?.