Com tantos escritores, poetas, músicos e compositores, alguém precisa contar (ou cantar) o que vem acontecendo em Londrina, depois da saga dos pioneiros. Domingos Pellegrini já escreveu sobre essa brava gente de pé vermelho o antológico conto “O encalhe dos 300”. Será que agora o nosso maior romancista será forçado, pelas tristes circunstâncias, a escrever “O encalhe dos 40”, uma fábula sobre o atoleiro em que estão metidos os 40 ladrões de Londrina?
Com todo respeito aos filhos naturais ou adotivos de Londrina – e não há com deixar de lembrar dos reverenciados nomes de José Hosken de Novaes, José Richa, Wilson Moreira, entre tantos deles -, a partir de Antônio Belinatti e seu curral eleitoral dos “Cinco Conjuntos”, Londrina se transformou numa chocadeira de ovos de serpentes. Ou uma incubadora de monstros. Talvez por influência de São Paulo – como não podia deixar de ser -, berço de políticos como Jânio Quadros, Paulo Maluf, Orestes Quércia, José Dirceu e o não menos controvertido Luiz Inácio Lula da Silva.
No primeiro parágrafo do conto que está no seu livro de estreia “O homem vermelho” (Civilização Brasileira, 1977), Pellegrini conta: “O Encalhe dos 300 começou às seis horas da manhã escura de 11 de agosto de 1958, no atoleiro do Km 60 da Cianorte-Cruzeiro do Oeste, a estrada mais perebenta do Brasil. Um FNM com carga de peroba meteu o peito na lama empoçada e bambeou de lado, as rodas traseiras patinaram esguichando e duas afundaram na valeta coberta pela enxurrada”.
No “Encalhe dos 40” as revelações sobre o maior antro de corrupção que se instalou no Paraná, nas últimas décadas, deve começar com o ressuscitado deputado José Janene desfilando pela Avenida Paraná a bordo de uma Ferrari, à frente de uma carreata dos outros 39 corruptos de Londrina com suas Ferraris.
No final da fábula (que também poderia ser escrita pelo jornalista Nílson Monteiro), os nomes dos 40 que enfiaram Londrina nesse mar de lama em que se encontra. Sem mais nenhuma surpresa, os Irmãos Metralhas seriam os primeiros da lista.