Antes que Gustavo Fruet assuma e as pautas do futuro prefeito só deixem espaço para assuntos de muito siso e pouco riso, fui buscar entre os guardados do coração o livro “Um brasileiro Cordial”, de Hugo Sant’Ana e Sandra Pacheco, coletânea com as melhores histórias de Maurício Fruet, o já lendário pai de Gustavo. Com prefácio de Euclides Scalco, orelha de Mussa José Assis e ilustrações minhas, a edição de 1999 (talvez com a segunda impressão já esgotada) é de grande valia para entender o caráter e o espírito da família que vai ressaltar a cordialidade como a principal virtude da cidade.
Maurício Fruet não era um homem comum, escreveu Mussa José Assis. Era um homem muito especial. De seriedade extrema com as coisas públicas, era um brincalhão quando vestia seu poncho e dividia com os amigos as delícias do sítio Taquara Lisa, em Agudos do Sul.
Certa feita, a caminho de Agudos, Maurício comprou na beira da estrada, já com segundas intenções, três ou quatro quilos de jabuticabas das mais graúdas. Enquanto aguardava os convidados, pediu ajuda ao Nelson, o faz-tudo na chácara, e começaram a preparar cachos de jabuticaba com barbante e cola.
Ao lado da churrasqueira, Maurício havia plantado três parreiras, dois anos antes. Estavam viçosas, mas ainda não produziam frutos. Em uma delas amarrou os cachos, num artifício nada convincente. Tanto que os convidados, levados para conhecer aquelas uvas negras e gigantescas, logo perceberam a fraude.
Menos um, o jornalista Hélio Teixeira. Homem da cidade que estava justamente se inteirando das coisas do campo, ele achou extraordinários aqueles cachos.
– Que maravilha, Maurício! – exclamava o então chefe da sucursal da Veja em Curitiba, que estava justamente fazendo uma reportagem sobre experiências genéticas na agricultura do Paraná. Em seguida, teceu inúmeras considerações sobre a perfeita transformação do cacho de uva, o tamanho dos bagos e sua textura negra e aveludada. Embevecido, sem querer bajular o deputado da Constituinte, não se conteve:
– Maurício, você conseguiu um híbrido!