O burrinho de São Martinho

Com Dilma Roussef nos servindo o vinagre que produziu em safras passadas, os adversários de Luiz Inácio Lula da Silva deveriam reconhecer de uma vez por todas que ele pode até ser chamado de apedeuta, menos de burro.

E, mesmo assim, se insistirem em chamar o ex-presidente de néscio (bonito nome: Néscio Lula da Silva), lembrem-se da história do burro de São Martinho. Contada desde 345 d.C., a história é relembrada no livro ‘Vinho & Guerra‘, a saborosa obra do casal de jornalistas americanos Don e Petie Kladstrup que conta a saga dos produtores franceses de vinho durante a guerra.

Contam os autores que no tempo de São Martinho o vinho era feito da maneira como avós e bisavós o haviam feito. Não havendo especialistas a quem recorrer, cada um seguia as tradições que conhecia e com que crescera. O plantio, a colheita e a poda eram feitos de acordo com as fases da lua. Pessoas mais velhas lembravam com frequência aos mais jovens que os méritos da poda foram descobertos quando o burrinho de São Martinho se soltou nos vinhedos.

Isso aconteceu quando São Martinho, cavalgando um burro, saiu para inspecionar alguns vinhedos que pertenciam ao seu mosteiro, no vale do Loire. Ele era um amante do vinho e instruía a todos com relação às práticas mais recentes da vinicultura. São Martinho amarrou seu burro junto às videiras e foi tratar do serviço. Ficou ausente por várias horas. Quando voltou, descobriu horrorizado que o burro tinha mascado as videiras e que algumas tinham sido mastigadas até o tronco.

No ano seguinte, contudo, os monges tiveram a surpresa de ver que exatamente aquelas videiras tinham voltado a crescer com mais força e produzido as melhores uvas. Os monges aprenderam bem a lição e, século após século, a poda tornou-se parte da rotina de todo o vinicultor.

Aos que julgam mortas as cepas do experiente apedeuta, lembrem-se do burro de São Martinho. Será que depois de uma simples e boa poda, com a volta às raízes, num futuro próximo as raposas não voltam a rondar as suculentas uvas do PT?

Quanto ao vinagre de Dilma Rousseff , é o que nos resta para os próximos três anos! Ajoelhem-se, façam o sinal da cruz e rezem para São Martinho, o padroeiro dos burros que acabaram dando certo.