O bronze de Toledo

No dia 14 de dezembro de 1952, quando os pioneiros abriam picadas nas florestas do Paraná, dois famosos escritores testemunhavam a colocação da pedra fundamental de Toledo. Cinquenta e oito anos depois, Toledo presta homenagem aos escritores brasileiros com estátuas de bronze nos principais pontos da cidade.

Monteiro Lobato foi o primeiro a receber o olhar de admiração do povo de Toledo, justamente em frente da Biblioteca Pública Municipal, e Jorge Amado reúne em torno de seu bronze os caminhantes do Parque Ecológico Diva Paim Barth. No monumento em homenagem a Jorge Amado foram investidos aproximadamente R$ 9 mil em recursos municipais (o que é pouco para a viabilização de tão bela idéia) e na inauguração o grupo de Teatro da professora Meire, da Secretaria de Cultura, representou a peça “Gabriela, Cravo e Canela”, como forma de rememorar in loco a obra do escritor baiano.

Por estar disponível no site do município um link no qual a comunidade tem a oportunidade de enviar sugestões de personalidades, daqui segue nossa modesta contribuição, já exposta no livro “Serra Acima, Serra Abaixo – O Paraná de trás pra frente”. Sendo que a intenção do prefeito José Carlos Schiavinato é distribuir homenagens aos literatos em pontos estratégicos do município, dois grandes escritores não podem faltar entre as estátuas representativas da cultura brasileira, ainda mais de dois expoentes que participaram pessoalmente da fundação de Toledo.

Em 1952, o governador do Paraná era Bento Munhoz da Rocha Netto. Professor, escritor, Bento estava no Rio de Janeiro quando reencontrou amigos também intelectuais. Uns mais velhos, outros mais novos. Entre eles, dois jovens escritores: Fernando Sabino e Millôr Fernandes. Na praia de Ipanema, Bento fez um convite aos dois:

– Vocês querem ver como nasce uma cidade?

Fernando Sabino e Millôr Fernandes embarcaram no mesmo dia para Curitiba, num avião DC-3 e aqui conheceram o Centro Cívico, ainda uma ideia no meio do mato. No dia 14 de dezembro de 1952, a comitiva aterrissou em Toledo, numa pista de pouso feita a machado. No berçário, Toledo comemorou com foguetório a pedra fundamental que Bento Munhoz da Rocha Netto ajeitou na terra fértil e os dois jovens escritores assinaram o livro de fundação.

Fernando Sabino morreu sem esquecer aquele dia. Millôr Fernandes ainda está vivo, mais que vivo, brilhante como sempre. Os dois nunca voltaram ao novo município, mas ainda é tempo de fazer com que Millôr Fernandes retorne a Toledo para outra comemoração, agora para a inauguração da estátua de Fernando Sabino. E nesse dia, que esperamos em breve, soltaremos foguetes não só em memória do cronista mineiro, como também daremos vivas aos muitos anos ainda de vida do mestre Millôr Fernandes.

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Passando de palavras verdadeiras aos dicionários fajutos, o escritor Deonísio da Silva nos manda um alerta para passar adiante: “A coluna de Ancelmo Gois informa em O Globo que um dicionário despencou de uma janela da Rua 1.º de Março, no centro do Rio, na última segunda-feira. A mulher que passava registrou queixa na secretaria do edifício. Se o volume suicida era o novo Houaiss, pode ser que não se atirou nem despencou: foi jogado em momento de fúria de quem o consultava. A nova edição tem pouco mais da metade dos verbetes da antiga. Na pressa de atualizar-se com o Acordo Ortográfico, a reedição omite um terço da anterior. Tenho alertado os alunos das aulas teletransmitidas na Universidade Estácio de Sá: diversos dicionários apresentados como “nova edição”, estão menores, mais pobres e desatualizados! No mercado, os mais confiáveis são o Aulete Digital (de graça, na internet) e o Aurélio, 5.ª edição”.