Afinal, o brasileiro é ou não é um “homem cordial”? O polêmico conceito está no livro “Raízes do Brasil”, do historiador Sérgio Buarque de Holanda (1902-1982) e a polêmica começou em 1936, logo após a sua publicação, quando implicaram com a expressão. A ideia de cordialidade, como característica dos brasileiros, estaria mal aplicada. Principalmente no sentido de polidez.

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Em resposta, o pai de Chico Buarque de Holanda explicou ter usado a palavra cordialidade em seu verdadeiro sentido, que remete ao coração. Apesar da explicação, a dúvida persiste: o brasileiro é um homem cordial?

Se um exemplo de brasileiro cordial for o técnico Dunga, certamente no exterior seríamos considerados um povo truculento. Depois do bate-boca com o banco de reservas da seleção da Argentina, quando o gesto com o dedo no nariz foi interpretado como uma referência ao uso de cocaína do ex-jogador Maradona, Dunga voltou a se estranhar com os repórteres, após um período de relativa calmaria nas relações com a imprensa.

Durante uma entrevista em Cingapura, onde o Brasil joga um amistoso contra o Japão nesta terça-feira, Dunga disse que a imprensa disse o que ele não disse; o repórter Tino Marcos questionou a insinuação de que os argentinos “vieram do pó e ao pó vão retornar”; Galvão Bueno entrou no meio para apartar e recebeu um coice; por sua vez a imprensa internacional levou uns tapas no ouvido; e o bode que deu vou te contar.

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Como se não bastassem os desabridos do gaúcho tinhoso, Dunga deu uma de Dunga ao exigir que ninguém fotografasse o treino de preparação para o jogo. Como havia um batalhão de chineses com máquina em punho tirando fotos, ele perdeu e gritou para os seguranças: 

— Tirem esses merdas daí… Eles só respeitam na porrada!

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Gaúcho tinhoso de Ijuí, como jogador Dunga ficou conhecido como um volante duro na marcação e que – segundo o futuro senador Romário – chamava atenção dos companheiros com uma só orientação:

— Eu cerco aqui no meio e vocês botam no gol!

Conta um escritor famoso que, quando professor em Ijuí, certa feita foi procurado pelo pai de um aluno chamado Carlos Caetano BledornVerri.

— Professor, preciso de sua ajuda para encaminhar o meu filho, o Dunga.

Como era amigo do senhor Verri, o professor sentou para ouvir a preocupação do pai quanto ao futuro daquele menino de cabelo escovinha, perninhas grossas, muito esforçado, birrento e um tanto trêfego com a bola no pé.

— O Dunga é um bom menino. Teimoso que o diabo, só pensa em jogar bola. Será que você poderia ter uma conversa particular com ele? Convencer o rapaz a largar essa ideia fixa de ser jogador de futebol? Dunga precisa estudar, ter uma profissão decente! Futebol não dá camisa pra ninguém!

A conversa do professor com o aluno não chegou a acontecer. O gaúcho já era tinhoso desde menino!