O bisneto do Passeio Público

Fernando Fontana é bisneto de Francisco Fasce Fontana (1849-1894), idealizador e construtor do Passeio Público, primeiro parque de Curitiba. Preocupado com a “herança” que a família deixou para a cidade, o advogado Fernando Fontana dá o seu parecer sobre a revitalização do Passeio Público, também empenhado na ideia de recuperar o Passeio Público para o futuro.

Pergunta: O que precisa ser feito para oxigenar o maior espaço público do centro da cidade?

Fernando Fontana: Sua formatação atual é um misto de desperdício, acomodação e equivocado saudosismo. A utilização do espaço por “intrusos”, como os prédios que a Prefeitura ali construiu, ou as horríveis “tendinhas” de alvenaria que vendem sorvete, pipoca ou guloseimas (tudo de baixa qualidade), precisa ser revista. Até a famigerada “carrocinha” (que é um feio caminhão) que fica estacionada nas vias internas, assim como dezenas de veículos oficias e, nos dias de semana, principalmente os dos funcionários  que ali trabalham. Um dos prédios, aliás, esconde boa parte da paisagem. O restaurante, da mesma forma, não é muito convidativo. O parquinho parece obsoleto e o pequeno zoológico já não fascina as pessoas, nem mesmo as crianças. 

Pergunta: O que afasta as pessoas e as aproxima do shopping?   

Fontana: Estacionamentos para a crescente parcela da população que circula em veículos próprios são raros, pequenos, ficam longe e são caros (durante a semana estão sempre cheios e não abrem aos domingos e feriados). Em outros países e mesmo aqui em Curitiba em eventos esportivos e em outros eventos, ruas são fechadas em certos dias, transformadas em estacionamento público e o trânsito desviado para outras vias. Essa solução é bem barata e podia ser utilizada imediatamente. 

Pergunta: Quais as vocações do Passeio Público?

Fontana: O Passeio Público tem vocação gastronômica e musical. A realização de feiras gastronômicas, como as que ocorrem perto da pracinha do Batel ou no Hugo Lange, podiam ser direcionadas, aos domingos, para as alamedas que circundam o parque. Sentimos falta de música acústica no Passeio. Retretas com música popular, apresentação de artistas locais no palco flutuante.