Para mostrar ao mundo que Deus é brasileiro e que o jeitinho brasileiro, assim como a jabuticaba, não há igual em nenhum lugar do mundo, a Copa do Mundo está sendo de um sucesso tão rotundo que o secretário-geral da Fifa, Jérôme Walke, já estaria sendo visto como imbatível candidato a presidente da República, caso ainda desse tempo de lançar sua candidatura. Com Joaquim Barbosa de vice, evidentemente.

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Graças ao providencial “chute no traseiro” com que Jérôme ameaçou os gestores locais, como por um passe de mágica até os aeroportos estão funcionando. Pelo menos por enquanto. Por testemunha temos o advogado José Renato Graziero Cella, caso de um torcedor que realiza o sonho da maioria dos brasileiros: do aeroporto Afonso Pena, sob o risco de ficar sem teto para decolar, está conseguindo assistir a todos os jogos que planejou. Incluindo os próximos jogos finais.

Na semana passada, véspera da partida com o Chile, pedi-lhe que fizesse um ligeiro relato de seu “bate e volta” a Minas Gerais.

“Era mais uma sexta-feira e, como de costume, passo ao final da tarde no Ao Distinto Cavalheiro para tomar um chopinho e jogar conversa fora com seus habituês. Chego em casa e durmo com a TV ligada nos noticiários, desperto às cinco da matina, tomo o meu banho, visto-me e saio de casa, mas, dessa vez, não em direção ao pastel da feira do Alto da Glória e sim ao aeroporto, quando a primeira tensão daquele sábado de incontáveis tensões me acometeu: as proximidades do rio Iguaçu revelaram a sua neblina.

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– Não, hoje o Afonso Pena não pode fechar! – suspirei.

O avião das 6h30 dormira em solo e iria voar! Alívio imediato e 8h15 já estava nas Alterosas. O Mineirão seria palco, no início daquela tarde, de um dos jogos de futebol mais sofridos que presenciei, com prorrogação, bola no travessão, enfarto letal de torcedor e pênaltis, com a agravante de que, ao meu lado, sentara-se a mais estonteante das chilenas: morena, com umbiguinho de fora e shorts cavado com o bumbum se insinuando pelas laterais, uma sensação visual de tirar o fôlego e de impor a resignação de que, enfim, sem o tal fôlego já combalido com o certame, aqueles Andes jamais poderiam ser escalados, mesmo ao final da partida, com a menina inconsolável, pois este pobre cristão que vos fala teria que ir às pressas àqueles Confins do Judas para tomar o avião de volta e deixá-la ali, em carne e osso, apenas levando-a na memória juntamente com o jogo, e que jogo! No aeroporto ainda tive tempo de ver o primeiro tempo de Colômbia e Uruguai, após o que tomei o avião das 18h30 e cheguei em casa, do jeito que saíra pela manhã, apenas com a roupa do corpo, a tempo de assistir ao Jornal Nacional”.

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