Assim como Antonina foi tombada pelo patrimônio histórico nacional, agora só falta declarar o barreado como Patrimônio Imaterial da Humanidade. Forças espirituais não hão de nos faltar, se depender de Nossa Senhora do Pilar, São Benedito e Bom Jesus de Saivá. E forças internacionais também não, se depender de Carlos Antunes dos Santos, ex-reitor da Universidade Federal do Paraná (UFPr).
Com doutorado na França sobre a história da alimentação, Carlos Antunes acaba de dar uma conferência na Universidade de Coimbra cujo tema diz tudo sobre a importância de sua participação no I Colóquio Luso-Brasileiro de História da Alimentação, com a presença de estudiosos de todo o mundo: “História, alimentação, patrimônio e festa: o Barreado, com certeza, uma expressão da Sociedade Luso-Brasileira” – este foi o título da conferência do ex-reitor e também membro da Academia Paranaense de Letras.
Realizada na manhã de sábado passado (1º de junho) no anfiteatro da Faculdade de letras da Universidade de Coimbra, o colóquio abordou um tema que vem ganhando, nas últimas décadas, um crescente impulso, tanto em Portugal quanto no Brasil. Conforme os organizadores, “o interesse do meio acadêmico e do público em geral sobre a percepção do fenômeno alimentar revela um tema cada vez mais atrativo e capaz de criar novas formas de diálogo entre o ensino acadêmico e os profissionais do setor de turismo cultural e gastronômico, bem como sua busca da certificação de produtos regionais que sejam dignos de preservação, visibilidade e divulgação nacional e internacional”.
Em suma, o encontro na Universidade de Coimbra ressaltou a preocupação internacional com a identidade e as raízes da alimentação em todas as regiões do mundo. No caso do Paraná, o professor Carlos Antunes tem muito a ajudar na preservação do autêntico barreado, nos livrando de certos, digamos, fariseus que vendem uma “gororoba com farinha, banana e carne misturada com frutos do mar”, como se aquele “me engana que eu gosto” fosse o principal prato típico do Paraná.