O almirante dos pedalinhos

O humorista Miau Carraro era freguês do Passeio Público desde piá. Como seu pai era muito amigo do João de Pasquale, o dono do bar Lá no Pasquale, Miau tinha passe livre nos pedalinhos. Enquanto Vinícius Coelho e Carneiro Neto morriam de rir com as piadas contadas na voz poderosa do velho Carraro, o Pasquale saía de trás do balcão para botar ordem na casa: “Carraro, fala baixo que você vai acordar o leão!”. Mais de quarenta anos depois, agora Miau Carraro volta ao Passeio Público para apresentar , narrar e animar com o seu repertório a primeira Regata de Pedalinhos de Curitiba, a prova náutica que acontece neste sábado com a Vinada Cultural, num só evento para abrilhantar mais ainda este belo sábado no parque do coração da cidade. 

– Como começou sua carreira de humorista?

Miau Carraro: Há onze anos, junto com o Diogo Portugal. Dividimos o palco por algum tempo, mas depois seguimos caminhos diferentes. Estou mais para Ary Toledo do que Jerry Seinfeld

– Quais os seus principais personagens?

Miau Carraro: A polaca da Barreirinha (bem batateira), um “gaúcho delicado” e uma “bichinha curitibana”. Tento dialogar com a cidade de uma forma bem-humorada.  

– Como almirante dos pedalinhos, já planejou o que fazer na Regata?

Miau Carraro: É preciso dar emoção à corrida, mesmo que talvez não consiga ver o que se passa em parte do “circuito”. Vou ficar no píer de largada. É igual à narração de jogo de futebol em rádio. Você ouve um possível lance de perigo e sente muita emoção. Mas vai ver na tevê e o chute passou a dez metros do gol. Nos intervalos, entre uma bateria e outra, vou incorporar Caetano Veloso e Jorge Mautner, e cantar “Voa Voa, Perereca”: “Coitada da perereca dela/é tão bela. Coitado do meu passarinho/tão sozinho!”.