Nulowski, o candidato de ficha em branco

Temos duas tradições no calendário eleitoral do Paraná. A primeira é Roberto Requião, que a cada eleição assina o livro de presença. A segunda tradição se refere a um candidato que nunca foi eleito, contudo está sendo cotado como um campeão de votos, como sempre: Tadeusz Nulowski.  

Por experiência própria, Nulowski advoga a tese de que o voto nulo é um legítimo instrumento de protesto. Já foi candidato a deputado e não se deu bem: “Meus eleitores captaram a minha mensagem e sufragaram nulo ou em branco!”, reconhece Tato Nulowski, como é mais conhecido no TRE.

Nascido no extinto bairro curitibano do Estribo Ahú, começou a vida profissional na extinta Sunab (Superintendência Nacional do Abastecimento). Naquele cabide de emprego, Tato ganhava pouco. Apenas o suficiente para manter os seus inúmeros vícios noturnos. Sinuca, principalmente. Foi no abastecimento que ele despertou realmente para a política, mais exatamente durante o Plano Cruzado, implantado em 28 de fevereiro de 1986 pelo presidente José Sarney. Nas intermináveis filas dos açougues, sentiu na carne (que era disputada a tapa) a picada da mosca azul. “Fiscal do Sarney”, Tato chegou a ser aplaudido num boteco do Boqueirão, depois de mandar prender um português por falta de azeitona na empadinha. Declarou Tato Nulowski, na época: “Chega de botar azeitonas nas empadinhas dos outros. Vou tratar de botar nas minhas”.

O Plano Cruzado não deu certo, mas a candidatura Nulowski deu. Depois, é claro, de inúmeras negociações dentro e fora da base governista: 10% de um, 20% de outro, mais uma comissão aqui, outra acolá para as despesas com santinhos, tudo em nome da moralização da vida pública.

Novamente candidato em 2014, Nulowski tem sua plataforma política radicalmente estampada nas bandeiras populares: farta distribuição de cestas básicas e tudo pelo social. “A nível de”, sete são os pontos de seu programa governo:

1 – A nível de transparência na administração pública, vidro fumê em todas as repartições. A nível de viabilização, perfeitamente factível.

2 – A nível de competência, o Estado precisa ser administrado como se fosse um Todo. Ou seja: Deus, o Todo Poderoso.

3– A nível de resgate precisamos resgatar os valores culturais, históricos e, principalmente, hipotecários.

4 – A nível de saúde, saudações atleticanas, coxas e paranistas.

5 – A nível de educação, tradição, família (vai bem?) e propriedade.

6 – A nível de avanços, a segurança no trânsito merece ser repensada: são muitos os companheiros avançando o sinal da propina. Dez por cento é bem razoável.

7 – A nível de conscientização política, a luta continua: não vote nulo, vote Nulowski.