Está escrito que a primeira coisa a se fazer em Lisboa é beijar a mão do poeta Fernando Pessoa. Assim como em Curitiba seria preciso pedir a bênção a Dalton Trevisan – se isso fosse possível. Sentar ao lado do grande poeta português é fácil e todos os turistas o fazem, mesmo não tendo a mínima ideia de quem é o gajo em bronze naquela mesa em frente ao Café A Brasileira, no Chiado. 

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Primeira parada sob o céu de Lisboa, A Brasileira do Chiado era o escritório do poeta, naquele tempo em que o café era escrito com z. Era uma casa “Especial de Café do Brazil, Lisboa, Sevilha, Câmbios e Tabacos”, que no dia de sua inauguração (19/11/1905) vendia “chá, farinha, goiabada, tapioca, pimentinha, vinhos e azeites”. Só não vendia diamantes da colônia porque até na casa real já estavam em falta.

Ponto de propaganda para o café do Brasil (seus frequentadores ganhavam como brinde uma xícara de café moído na hora), foi na célebre Rua Garret, n.º 122, que nasceu a expressão “tirar uma bica”. Ganhar um cafezinho, tirar vantagens, que na política tem o sentido de levar uma parte, no mínimo10%.

No centro de Lisboa – em todos em sentidos, principalmente como centro cultural – aqui no Chiado (o nome vem do chiado das rodas das carroças nas ladeiras) alugamos um apartamento para essa temporada em Portugal. Com vista para o Castelo de São Jorge e as ladeiras da Alfama, daqui da minha janela avisto ainda as águas do Tejo, de onde devo enviar este “Diário de Lisboa”. Notícias da velha corte, pois que a nova (como escrevia Paulo Francis) encontra-se em Nova York.

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