Dos tantos nomes inventados pela Polícia Federal para as diversas fases da Operação Lava Jato, o melhor e mais abrangente deles é o desta última, a 19ª etapa deflagrada na madrugada de segunda-feira: “Nessundorma” – expressão em italiano que significa “Ninguém dorme”.

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Canta a primeira estrofe da famosa ária do último ato da ópera “Turandot” criada em 1926 por Giacomo Puccini: “Ninguém durma! Ninguém durma! (Nessundorma! Nessundorma!); Tu também, ó princesa (Tu pure, o, principessa); Na tua fria alcova (Nella tua fredda stanza); Olha as estrelas (Guardi le stelle); Que tremulam de amor (Che tremano d”amore); E de esperança (E di speranza)!

Neste país onde os corruptos estavam acostumados a dormir em berço esplêndido, com sombra e água fresca do regaço estatal, podemos parodiar Woody Allen e separar os brasileiros entre as pessoas do bem e as pessoas do mal: as pessoas boas têm pesadelo. As pessoas más divertem-se muito mais, porque de dia lavam o dinheiro que vão torrar à noite.
Quem dormia bem antes, dorme mal agora. E não digam que o governo não governa porque dorme em serviço, porque ninguém mais prega olho com medo de ser acordado por agentes da Polícia Federal.

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– Toc! Toc! Toc! – batem na mansão do empreiteiro da Petrobrás.
– Quem é? – pergunta o mordomo da casa.
– É a Polícia Federal!
– Um momentinho! Vou fazer a minha mala e já me entrego!
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– Toc! Toc! Toc! – batem na casa de Luiz Inácio Lula da Silva.
– Quem é? – pergunta o ex-presidente.
– É a Polícia Federal!
– Não vou abrir porque não sei onde está a chave!
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– Toc! Toc! Toc! – batem na casa do tesoureiro do partido.
– Quem é? – pergunta a patroa.
– É a Polícia Federal!
– Preferem levar as doações legais e declaradas em cheque ou em dólares?
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– Toc! Toc! Toc! – batem na porta do Palácio Jaburu, residência oficial da vice-presidência.
– Quem é? – pergunta a sua belíssima esposa.
– É a Polícia Federal!
– Aguardem um momentinho que o Michel está vestindo o terno da posse!
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– Toc! Toc! Toc! – batem na porta do Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência da República.
– Quem é? – pergunta o chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante.
– É a Polícia Federal!
– Voltem mais tarde. O velório ainda nem começou!

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