Neuzinha Brizola (foto) era filha de Leonel Brizola. Antes de morrer, aos 57 anos, em 2011, implorou para ser atendida num último pedido: um padre que lhe desse a extrema-unção. Muitos estranharam a extrema-unção, pois todos imaginavam que seu derradeiro desejo seria deitar e descansar eternamente – coisa que ela mais gostava de fazer: numa feita perguntaram à filha do Dr. Leonel se ela costumava fazer exercícios físicos. Debochada, Neuzinha respondeu sem “mintchura” (pop-rock de sua autoria nos 80) nenhuma: “Quando dá vontade de malhar, deito e espero o desejo passar!”.

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Neuzinha (ela se assinava com Z) saiu de cena antes da hora. Hoje seria musa de uma proposta chamada “Nadismo”, um movimento (inercial, é claro!) que nos ensina a simplesmente a contemplar o mundo ao redor. Desligar a televisão, sair da internet, jogar o celular num canto, sentar em algum lugar confortável com os olhões bem abertos e tentar não fazer nada por um bom tempo. Frear o intenso fluxo de atividades diárias e de informação buscando mais qualidade de vida. Desfrutar o fazer nada sem dor na consciência, sem o colapso físico e mental motivado pelo estresse.

A principal diferença do “Nadismo” em relação a outros movimentos – como a meditação, o ócio criativo e outras atividades que dão muito trabalho – é a sua praticidade. É mais uma prática simples, não uma filosofia. Para começar, só requer a vontade de ficar sem fazer nada neste final de semana, por exemplo.

É importante não confundir “nadismo” com “nudismo”, ou “naturismo” – que vem a ser uma extensão da doutrina de não se fazer “neca de pitibiriba” – o que equivale a nada e vem de Pirituba (SP), onde um sujeito de apelido Neca trabalhava num cartório. Dizia sempre não, antes de sequer procurar atender a advogados e pessoas que iam atrás de documentos no cartório. E se referiam a ele como o “Neca de Pirituba”, que virou de Pitibiriba, como variante, para designar o nada absoluto, mesclando-se com o “neca”, do latim, “neca”, que já é uma negativa.

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O “Nadismo” também não é exatamente o que fazem certos homens públicos, eleitos para suar a camisa. Para se usar uma expressão bem ao jeito de Neuzinha Brizola, estes solenemente “coçam o saco!”.