Há exatos 40 anos, o curitibano levantou da cama ainda embrulhado no colchão de lã de carneiro, olhou incrédulo pela janela, deu um chute no travesseiro e saiu à rua para comemorar a Curitiba branca de neve. Outros voltaram a dormir, quando a mãe entrou no quarto com uma xícara de café com leite:
– Acorda, filho! Acorda que está nevando lá fora!
– Inventa outra história, mãe! Com esse frio nem a pau eu vou pra faculdade!
Teve o caso do curitibano que acordou com a sogra aos berros na porta do quarto:
– Acorda! Acorda que precisamos correr pra maternidade! E não esqueça de levar a Kodak, tá nevando lá fora!
No início daquela madrugada, no raiar da aurora, ao meio-dia, no meio da tarde ou no início da noite, seja lá o que escreveram na certidão de batismo, os que nasceram no dia 17 de julho de 1975 podem comemorar os seus 40 anos com justo orgulho:
– Eu nasci no dia da neve!
Claro! Sempre vai aparecer o invejoso para comentar pelas costas:
– Ele é o próprio abominável Homem das Neves!
Quantos seriam os curitibanos que hoje estão comemorando 40 anos? Meia dúzia? Ou dúzia e meia? Será que a prefeitura já fez este levantamento? A Casa da Memória teria o cadastro em seus arquivos? O que se sabe é que ainda não foi fundada a Confraria dos Curitibanos do Dia da Neve. Sodalício gregário e festivo, Curitiba precisa de voluntários com a missão de organizar anualmente as comemorações pelo aniversário da Curitiba branca de neve.
Nascidos abaixo de zero, uni-vos! Com neve ou sem neve, o dia 17 de julho não pode mais passar em branco!