O tempo passa, o tempo voa e agora, além de genericamente “tios”, estamos ficando surdos. Nossos filhos nas baladas e já não temos nem mesmo ouvidos para perceber as diferentes vertentes do rock. Para ouvir e entender as origens e o comportamento dos ídolos que provocaram toda essa enigmática barulheira na garagem, esta é uma rápida lição, sem mestre, enviada por um velho leitor desta coluna. Velho não, veterano. Ou digamos melhor, um daqueles antigos garotos que amavam os Beatles e os Rolling Stones.

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É tudo muito simples e nós, contemporâneos da Rita Pavone, não precisamos fazer estágio com os meninos para localizar e compreender as várias escolas de rock. Vamos imaginar uma fábula e seus respectivos desfechos na abordagem de cada estilo. A história começa assim: “No alto do castelo há uma linda princesa – muito carente – que foi ali trancada, e é guardada por um grande e terrível dragão!”.

E termina assim:

METAL MELÓDICO – O príncipe roqueiro chega ao castelo num cavalo alado branco, escapa do dragão, salva a princesa, fogem para longe e fazem amor.

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HEAVY METAL – O protagonista chega ao castelo numa Harley Davidson, mata o dragão, enche a cara de cerveja com a princesa e depois transa com ela.

BLACK METAL – O belo roqueiro chega de madrugada, dentro da neblina. Mata o dragão e o empala em frente ao castelo. Sodomiza a princesa, a corta com uma faca e bebe o seu sangue em um ritual até matá-la. Depois descobre que ela não era mais virgem e a empala junto com o dragão.

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ROCK´N´ROLL CLÁSSICO – O cara entra em cena fumando um baseado na Harley Davidson e oferece para o dragão, que logo fica seu amigo. Depois acampa com a princesa numa parte mais afastada do jardim e após muito sexo, drogas e rock’n’roll, tem uma overdose de LSD e morre sufocado no próprio vômito.

PUNK ROCK – O roqueiro joga uma pedra no dragão e depois foge. Picha o muro do castelo com um “A” de anarquia. Faz um moicano na princesa e depois abre uma barraquinha de fanzines no saguão do castelo.

PROGRESSIVO – Ele chega, toca um solo virtuoso de guitarra de 26 minutos. O dragão se mata de tanto tédio. Se aproxima da princesa e toca outro solo, que explora todas as técnicas de atonalismo em compassos ternários compostos aprendidas no último ano de conservatório. A princesa foge e vai procurar o príncipe do Heavy Metal.

HARD ROCK – O roqueiro chega num conversível vermelho, com duas loiras peitudas e tomando Jack Daniel’s. Mata o dragão com uma faca e faz uma orgia com a princesa e as loiras.

THE END!