Com esse furor aquisitivo de livros de autoajuda, pretendo escrever um livro para ficar milionário na primeira sessão de autógrafos: “Não faça isso!”. A obra não teria apenas os fracassados como público alvo. O alvo seriam todos os candidatos ao fracasso. De Eike Batista aos pequenos e bravos empreendedores que, num país assim forrado de armadilhas, pretendem dar o primeiro passo rumo ao insucesso, frustração, malogro, revés.

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“Não faça isso!” será um manual de instruções para políticos e administradores públicos, vereadores, prefeitos e governadores, até a própria presidente da República. Por que não? Dilma Rousseff é a pessoa neste país que mais necessita fazer uma imersão na literatura de autoajuda.

“Não faça isso, Dilma!” – com esse título abrirei o primeiro capítulo, alertando que esse carnaval fora de época do plebiscito ainda “vai dar merda”, como já disse com todas as letras o companheiro Chico Buarque. Em poucos parágrafos, diria à presidente: “Dona Dilma, essa sua proposta de fazer um puxadinho na constituição através de um plebiscito, não passa de um Cavalo de Tróia. É um presente de grego para o povo brasileiro. Dentro dele, os companheiros vão enfiar mil e um trambiques para se aboletar no poder, além de fazer uma gambiarra institucional para amordaçar os jornalistas não amestrados. Não faça isso, dona Dilma!”.

Um outro capítulo seria dedicado a medicina e saúde, com ênfase aos médicos cubanos a caminho da roça: “Não faça isso, dona Dilma! Como dizia Bernard Shaw, a reputação de um médico se faz pelo número de pessoas famosas que morrem sob seus cuidados”.

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“Rabo e conselho só se deve dar a quem pede”, dizia Stanislaw Ponte Preta. Não pretendo, com esse meu livro, dar conselhos, uma mercadoria que contrariou as leis do mercado e hoje está valendo uma fortuna nas mãos dos editores de autoajuda. Para agregar valor, será um livro com histórias exemplares. Como aquela do petista que teve a brilhante ideia de transportar recursos não contabilizados na cueca, até o momento que o presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves, botou o pé no avião da Força Aérea Brasileira para levar a noiva, parentes dela, enteados e um filho ao jogo da seleção no Maracanã.

Pré-requisito para escrever esse livro eu já tenho: nunca li um livro de auto ajuda. Em compensação, já sofri fracassos retumbantes. Se alguém porventura tiver alguma dúvida quanto ao sucesso desse meu empreendimento editorial, aceito o alerta:

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– Não faça isso!