Na Tonga da Mironga do Kabuletê

Assim como na Arena da Baixada, tá o maior furdunço no Reino do Rei Momo. O bloco carnavalesco Garibaldis e Sacis foi deserdado do Setor Histórico e intimado a comparecer com suas justas à Boca Maldita. E como se não bastassem os adeptos do extermínio puro e simples do Carnaval de Curitiba, o vereador Jorge Bernardi sugeriu que as escolas de samba  e o bloco Garibaldis e Sacis sejam removidos para a Pedreira Paulo Leminski.

Antes que alguém tenha a radical ideia de desterrar o Carnaval de Curitiba para Ponta Grossa, no que seria apoiado pela maioria da população, volto a insistir numa solução intermediária: transferir o Carnaval de Curitiba para Antonina. No estado em que se encontra, minguado e esquelético, o desfile não pode continuar: nós curitibanos estamos correndo o risco de desmoralizar essa instituição que é o Carnaval brasileiro. E se para melhorar precisa mudar, que se transfira então a folia para Antonina.

Por que Antonina? Porque é a capital paranaense do Carnaval. A cidade sempre recebeu um público folião de causar inveja aos carnavalescos curitibanos, que têm Antonina como uma segunda casa. Se no inverno Antonina já tem um grandioso festival de artes, no verão pode perfeitamente abrigar todos os carnavalescos do Paraná, concentrando escolas e blocos de Paranaguá, Guaratuba, Caiobá, Matinhos, Guaraqueçaba, Cajuru, Água Verde, Boqueirão, Batel, Bigorrilho e Portão.

Para a nossa gente do litoral, esta concentração seria uma pontual ajuda para o desenvolvimento econômico da região. Os barracões das escolas, em Antonina, seriam o equivalente a uma indústria para o município. Para Morretes, janeiro e fevereiro viriam a ser uma safra de soja para restaurantes e pousadas, que abrigariam os mais abonados para os ensaios de fim de semana. E para o curitibano ruim da cabeça e doente do pé, que odeia o batuque e escreve cartas para os jornais se lamuriando, a mudança seria um bálsamo, nascendo então a primeira capital brasileira sem Carnaval, paraíso dos “folífobos” – os que têm fobia à folia.

Há muitos anos venho defendendo a transferência do carnaval para o litoral. Como tal utopia jamais vai acontecer – nem mesmo no reino da esbórnia -, que fique aqui registrada em ata a proposta de se expurgar o carnaval de Curitiba para Tonga da Mironga do Kabuletê.