No primeiro planalto paranaense, Curitiba continua linda: alô, alô, Alto da Glória, aquele abraço! Alô, torcida rubro-negra, aquele abraço! Deu praia nos últimos dias e as garotas a desfilar de fio dental na orla do Barigüi inspirariam lascivos poemas ao poeta Vinícius de Moraes.
Vento do mar e o meu rosto no sol a queimar, queimar. Calçada cheia de gente a passar e a me ver passar. Curitiba, gosto de você. Gosto de quem gosta. Deste céu, deste mar, desta gente feliz. Bem que eu quis escrever um poema de amor.

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Ninguém ainda escreveu uma valsa para esta cidade sorriso. Mesmo assim, Curitiba, gosto de você. Cidade maravilhosa, ontem peguei praia no posto 6 da Avenida Batel e, de sunga, desci a Comendador Araújo. Cheia de encantos mil, a Comendador se insinua em direção à Rua das Flores como um belo corpo de mulher banhado por praias acolhedoras.

Depois de comprar o jornal na banca de revista, sento para engraxar o sapato na Boca do Brilho (foto). Depois de ler a Tribuna, abro a Gazeta do Povo e vejo a entrevista do secretário estadual da Segurança Pública Fernando Francischini, colocando-se à disposição para ser candidato a prefeito desta nossa cidade maravilhosa, jardim florido de amor e saudade, terra que a todos seduz, ninho de sonho e de luz: “Não estou tendo tempo de pensar em candidatura, nem mesmo reeleição pra deputado porque o foco é a segurança pública. Se o trabalho for bem feito, o resto vem, por inércia. Vou esperar para ver a conjuntura política, do meu partido, na questão estadual”.

Sem negar a possibilidade e o interesse em ser prefeito de Curitiba diante das últimas pesquisas que o colocam como pré-candidato, Francischini diz que tudo depende da conjuntura política do ano que vem. Elogiou seus “concorrentes” Ratinho Jr., Luciano Ducci e Gustavo Fruet, mas deixou aberta a possibilidade diante dos alvissareiros números que apresentou ao repórter Diego Ribeiro: Curitiba registrou uma queda de 17% no número de homicídios no primeiro trimestre deste ano, em comparação com o mesmo período do ano passado.
A queda dos homicídios em Curitiba, conforme Francischini, é uma consequência do enfrentamento direto da polícia com operações e investigações na capital e na região metropolitana. O alvo prioritário nos últimos quatro meses das polícias foi o tráfico de drogas: “Todos nós sabíamos que a maioria dos homicídios, mais de 70%, tem vínculo com tráfico e uso, cobranças de dívidas de drogas. Acertando o tráfico, diminuiríamos o homicídio”.

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Guardo a Gazeta e eis que aparece o Carlos Fernando Mazza – o Mazzinha, irmão do Luiz Geraldo. Ele oferece um café e puxa conversa:
– Essa cidade maravilhosa – berço do samba e das lindas canções que vivem n’alma da gente, altar dos nossos corações que cantam alegremente – já não é mais a mesma. Sabe o que ouvi agora na Boca Maldita? Com quatro meses no cargo, Francischini fez cair os homicídios em 17%. Em relação a 2007, primeiro ano da divulgação dos dados, a queda foi de 9%. Com uma margem de erro normal entre o calibre .38 e .45.

E o barquinho vai, a tardinha cai, da Boca do Brilho fomos para o balcão do Manekos. Pedimos chope com colarinho, duas batidas de limão, Mazzinha puxou da caixinha de fósforos e, à maneira de Nireu Teixeira, cantarolamos o “Samba do avião”.
“Minha alma canta / Vejo Curitiba / Estou morrendo de saudades / Curitiba, seu mar / Praia sem fim / Curitiba, você foi feita pra mim”.

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