Mulher-Maravilha

Depois de ouvir da presidente Dilma que a Petrobrás está sendo atacada pelos inimigos da nação e vendo ainda Graça Foster reconhecer que a compra da refinaria de Pasadena não foi um “bom negócio” para a estatal, veio de repente a sensação de que esse país gerenciado por mulheres não está em mãos femininas certas. Não estamos precisando da Mulher-Gerente, mas sim da Mulher-Maravilha.

Com tantos malfeitos e malfeitores querendo aniquilar a Petrobrás, principalmente os facínoras e canalhas da grande imprensa, o clamor deste país é por uma mulher não apenas belíssima, mas forte o suficiente para fazer os pesquisadores do Ipea e estupradores tremerem de medo.

Criada por um psicólogo formado em Harvard, a Mulher Maravilha parece ter sido feita sob encomenda para reinar num país muito louco como o Brasil. Doutor William Moulton Marston, um famoso e excêntrico psicólogo e escritor, colecionava diplomas como se colecionasse selos e era craque em tudo o que fazia. Com enorme credibilidade nos Estados Unidos, ele havia contribuído no desenvolvimento do polígrafo (detector de mentiras) e, escrevendo sob a alcunha de Charles Moulton, dedicava-se com desembaraço a uma mídia que, com base na sua formação de psicólogo, ele mesmo criticara por ser muito violenta e deseducativa.

A Mulher-Maravilha estreou nos gibis em 1941. Tanto uma “dominatrix” quanto super-heroína, de posse de um laço e de braceletes de submissão dourados lutava contra malfeitos e malfeitores, ao mesmo tempo que exalava uma sensualidade que atraía tanto adolescentes quanto jovens adultos. Amazona de força e agilidades incríveis, a Mulher-Maravilha também era erótica e vulnerável. Suas aventuras, recheadas de chicotes, correntes e cordas, carregavam fundamentos sadomasoquistas muito sutis. Acorrentada e torturada, podia levar sovas que não estavam nos gibis, mas tudo estava certo se, no último quadro, as forças do bem saíssem vitoriosas.

Para agir com o coração, Doutor Marston tentava fazer com que a Mulher-Maravilha ensinasse aos machos da espécie uma lição de difícil convencimento: “Quando o controle do eu pelos outros for mais agradável do que a afirmação desimpedida do eu nas relações humanas, só então poderemos ter esperança de uma sociedade humana pacífica e estável”.

Parafraseando Vinícius de Morais, a Graça Foster que nos desculpe, mas a Mulher-Maravilha seria fundamental.