Mugido de trem

O jornalista e escritor Nilson Monteiro vai nos presentear nesta segunda-feira, dia 5, com o seu livro que acaba de sair da boca do forno: “Mugido de Trem” (Editora Banquinho, 204 págs., R$ 35). Num dos capítulos mais eletrizantes, Nilson relata as emoções de uma briga de galo. Apesar de proibida, reúne pobres e ricos. É a disputa de classe reunida em torno de uma rinha, quando um pobre agricultor desafia o fazendeiro rico. Museu Oscar Niemeyer, Pátio das Esculturas, a partir das 19 horas. Entrada franca.

Os amigos pés vermelhos, muito deles de origem mineira, devem te perguntar: que trem é esse, Nilson?

Nílson: É um trem que percorre os caminhos da alma brasileira, levando e trazendo sentimentos, os conflitos e a dicotomia rural/urbana.

Na linha do trem, passa boi passa boiada, passa a tua vida também?

Nilson: Passa, claro. Ela passa em uma TV de janela de trem, de uma escuridão iluminada, de campos infinitos ou de cidades respirando à beira da linha. Passa com cheiro de estopa embebida em graxa em meio aos trilhos ou feito capim no paralelepípedo ou chuva no asfalto. 

Nesse itinerário de vida, Londrina é a estação de chegada ou a estação de partida?

Nilson: É uma estação. Há outras, tantas. A de partida talvez tenha sido a de minha cidadezinha natal, Presidente Bernardes. A de Londrina tem o visgo da paixão.

Se cada vagão carrega uma história, quantas histórias carrega esse trem?

Nilson: Muitas. E quantas histórias andam pelos trilhos, estradas, corpos celestes rurais e urbanos do país?

Lembra onde você ouviu pela primeira vez o mugido de um trem?

Nilson: Sim. Onde nasci. Foi lá também que ouvi o primeiro apito de uma vaca. E as contradições da vida começarem a virar caleidoscópio, como uma viagem para um menino.