Mostre a sua cara

É preciso tirar o chapéu para o ex-presidente Lula. Especialmente os carecas, precisam aprender com ele a não ter vergonha da própria calva. Como excepcional marqueteiro em causa próprio, Luiz Inácio Lula da Silva se antecipou aos efeitos do tratamento contra o câncer na laringe e, com a participação especial da ex-primeira-dama Marisa Letícia, raspou o cabelo e a barba.

Esta não foi a primeira vez que Lula muda de imagem. A última foi antes de sua primeira vitória para presidente, quando fez barba e bigode no metalúrgico para aparecer como um bem comportado candidato de centro esquerda.

Como previsto pela equipe médica, a partir desta semana Lula começaria a perder tanto a barba como o cabelo. Foi um golpe de mestre nos partidários do quanto pior melhor e uma lição aos vaidosos de meia-idade que, além de sucessivos implantes capilares, são dependentes emocionais dos cabelos de graúna. Ou seja, sem os cabelos pintados não conseguem mostrar a cara.

Ao se antecipar à triste realidade, Lula nos ensina porque é temerário pintar os cabelos e passar uma imagem falsa do que realmente somos por baixo da tintura. Se por uma infelicidade uma moléstia traiçoeira nos surpreender com uma longa temporada na enfermaria, devemos sair do hospital com a aparência da melhor forma possível parecida com aquela com que entramos. Assim não vamos surpreender ninguém.

Surpresos ficam aqueles que vêm o familiar ou o amigo entrar no hospital com os cabelos negros e, alguns dias depois, assistir uma múmia embranquecida de volta para casa.

– Está como o pé na cova! – vão dizer os vizinhos.   

As aparências enganam. E, em se tratando de vaidade exacerbada, enganam mais ainda. Por isso, ao pintar os cabelos, pensem duas vezes antes de mostrar a cara.

Mire-se no exemplo de Lula, poderemos dizer à presidente Dilma. Que ela faça o cabelo, barba e bigode na base aliada e remonte o ministério conforme sua própria natureza, sem os cabelos pintados do Carlos Lupi.

Dilma, mostre a sua cara!