Mobilidade urbana

A presidente Dilma Rousseff acaba de lançar o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), destinado a cidades de 250 mil a 750 habitantes, com cerca de 7 bilhões de reais para obras de mobilidade urbana.

Mobilidade virou a palavra da moda. E como em matéria de mobilidade urbana Curitiba é a cidade da moda, nossos urbanistas de vanguarda (como se sabe, nove entre dez curitibanos são urbanistas) consideram que não se precisaria de tantos bilhões para resolver a questão de mobilidade urbana nas médias e grandes cidades do país. Depois do rodízio do risoto, da polenta, da picanha, de massas, de sushi, de camarão e do consagrado de pizza, o mais barato sistema de mobilidade urbana seria o rodízio de pessoas motorizadas, a começar por etnias: segunda-feira circulariam os polacos e ucranianos; terça-feira, os italianos; quarta-feira, os alemães; quinta-feira, árabes, libaneses e muçulmanos em geral; sexta-feira, japoneses e judeus; sábado, paulistas e nordestinos; domingo, catarinas e gaúchos.

Mobilidade e rodízio também para as minorias: pela manhã, afrodescendentes e índios (com direito a reserva especial de estacionamento); à tarde, os portadores de deficiência física; à noite, gays, lésbicas e simpatizantes (horário GLS). Sem esquecer de reservar um horário apropriado para a “Marcha das Vadias”.

Outro sistema possível seria o RVHD (Restrição de Veículos por Horário Diferenciado). Das 5h às 7h, padeiros, verdureiros, açougueiros, empregadas domésticas, entregadores de jornais, garçons, músicos e boêmios; das 7h às 10h, ônibus escolares, funcionários públicos municipais, estaduais e federais; das 10h às 12h, motoqueiros e taxistas; das 12h às 14h, ônibus escolares, universitários e profissionais liberais; das 14h às 16h, madames que vão ao shopping; das 16h às 18h, Corpo de Bombeiros e ambulâncias; e das 18h em diante entraria em circulação a linha de ônibus Interbares, um sistema que poderia diminuir sensivelmente o tráfego depois da happy hour.

Restaria estudar a maneira de facilitar a mobilidade de pedestres. Mas sendo esta uma questão complexa, os pedestres devem continuar no sistema de sempre, com circulação restrita aos horários estabelecidos para cachorros, gatos e outros bichos.