Ministério do Pau-Mandado

O Brasil já teve ministros de todos os naipes, qualificações e, sobretudo, origens e indicações. Como se sabe, nenhum ministro cai do céu. O que pode acontecer é o empossado não ter a mínima ideia do que fazer no cargo. Daqueles desfrutáveis que só sabem muito bem que a caneta serve para assinar embaixo. Bom exemplo são os ministros do PMDB, onde eles dão mais que chuchu na cerca.

Com poucas exceções, estes políticos amestrados são conhecidos popularmente com as seguintes denominações: Ministro-Capacho; Ministro-Serviçal; Ministro-Bajulador; Ministro-Chaleira; Ministro-Lacaio; Ministro-Baba Ovo; Ministro-Capanga; Ministro-Bajulador; Ministro-Incensador; Ministro-Puxa-saco, todos eles com um carimbo laranja na testa. Não é preciso escarafunchar o dicionário para saber que todos os ministros acima citados pertencem à tradicional família dos Paus-Mandados.

Agindo sempre nas sombras e deslizando sorrateiro nos corredores mais insalubres do poder, o Pau-Mandado não deixa rastros por onde passa, muito menos cartão de visitas com endereço e telefone. Só deixa o pandemônio. Pau-Mandado não tem bandeira, ideologia ou caráter. Não importa o patrão, se de esquerda ou de direita, para o Pau-Mandado o importante é o preço combinado.

Atualmente, neste lamaçal da Petrobras, o mais notório Pau-Mandado é o deputado Celso Pansera, o novo ministro da Ciência e Tecnologia. Capanga da linha de frente de Eduardo Cunha, presidente da Câmara Federal, Pansera ficou conhecido quando o doleiro Alberto Youssef contou que estava sendo vítima de intimidação por um deputado federal que integra a CPI que investiga as propinas da Petrobras. Youssef não identificou o parlamentar, mas disse que é um Pau-Mandado do Eduardo Cunha. Ou seja, o novo titular do Ministério da Ciência e Tecnologia.

Celso Pansera tem currículo à altura do governo: foi dirigente da UNE, circulou pela ala radical do PT e migrou para o ultraesquerdista PSTU, sem nunca ser notado. Assim medíocre, Pansera só saiu do anonimato quando se aliou ao bando de Eduardo Cunha. Para quem tinha até julho passado, na Baixada Fluminense, um restaurante chamado Barganha, o Pau-Mandado foi longe. E de barganha em barganha, com toda a ciência e tecnologia política de Eduardo Cunha, vai mais longe ainda. No mínimo até Curitiba, onde será muito bem recebido por um agente japonês de óculos ray-ban.