Mestres da pornografia

Depois do destino político de Gustavo Fruet, no feriadão não se falava em outra coisa: a polêmica causada pela professora Carla Cardoso, ao passar uma tarefa escolar sobre pornografia. O tema da pesquisa de Educação Artística colocou o Colégio São Vicente de Paula, em Araucária, nas manchetes e suscitou uma polêmica nacional sobre uma cultura que, de tão corriqueira na vida nacional, devia fazer parte do currículo escolar. Ao lado da matemática, física, língua portuguesa e outras disciplinas menores.

A professora Carla estava cumprindo com o seu dever. Ao indicar a pornografia como tarefa escolar, estava apenas tentando abrir os olhos de seus alunos sobre as obscenidades que tomaram conta de nosso dia-a-dia. Do Senado ao bordel, a obscenidade não tem hierarquia. Ou é sacanagem ou não é sacanagem, independentemente de demonstrações das partes pudendas, como foi o caso dos aloprados que transportavam valores não contabilizados em suas respectivas cuecas. Neste caso, a professora deveria perguntar na sala de aula: o mensalão foi ou não foi um episódio pornográfico da vida nacional?

Com isso, é bom deixar bem claro, não se sugere que a professora Carla Cardoso seja uma pornógrafa ao tentar fazer com que os seus alunos pesquisem o tema que, de tão amplo, já não sabemos mais a diferença entre uma piada de sacanagem e um discurso parlamentar. Entre a capa da revista Playboy e a capa da revista Veja, entre a propaganda de cerveja e a propaganda de motel.

Como sempre, a hipocrisia permeou a polêmica levantada em Araucária. A discussão ficou retida ao sexo, tema já banalizado até na novela das sete e que ainda é tratado como tabu. E os pais dos alunos, que também deviam ser obrigados a estudar pornografia junto com os filhos, fazem vistas grossas quando a rapaziada faz do computador um bordel eletrônico.

Como contributo ao estudo da pornografia, é bom lembrar aos senhores pais que palavrão também é uma obscenidade. Por exemplo: chamar o governo de “cambada de f…da p…!” na frente das crianças é uma demonstração de como a pornografia tomou conta do velho lar, doce lar  E quando o distinto cavalheiro dá uma topada com o dedão do pé na mesa da cozinha, diga-se que não é nada civilizado gritar “ca….lho! na hora do almoço.

À mestra, com carinho, desejamos que ela continue passando educação artística aos seus alunos, matéria onde já provou sua sensibilidade. E com relação à necessária disciplina de obscenidades e outras sandices correlatas, que seja chamado à sala de aula o professor doutor Fernando Collor. Um dos nossos tantos mestres da pornografia.

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Quanto ao destino político de Gustavo Fruet, entre os tucanos o desejo majoritário é que ele se lance candidato a presidente do Clube Atlético Paranaense.