Mesas do passado

Para encerrar (espero) a série “em alguma mesa do passado”, mais contribuições à recuperação da gastronomia curitibana e, para o ajuste da história, uma correção que nos levou a esta nova edição. É o perigo de abrir os velhos baús do sótão: a memória, no escuro do ontem, muitas vezes é apunhalada pelas costas.

Como eu já reconheci, nos assuntos referentes a algum lugar no passado sou um metido a rabequista! Ou seja, indivíduo intrometido, curioso com a cidade que não conheceu. Atrevido por dever do ofício, com muitas perguntas e repleto de dúvidas.

E por não perseguir uma dúvida registrei que aquela mesa da churrascaria Bambu, do então guapo Luiz Fernando Suplicy de Lacerda Moscaleski, seria de 1962, conforme detalhe da capa da Tribuna do Paraná que aparece no bolso de Luiz Fernando, o “Mosca”.

Corrige o atento leitor Antonio Tomaz:

– Caríssimo Dante: li sua coluna de domingo, “Mesa de 1962”. Estava ótima, como todas as outras. Contudo, na conclusão, deve ter ocorrido um equívoco de percurso. Dessas coisas que às vezes a memória trai na hora mais precisa. Diz ser a foto de 1962, baseado na Tribuna no bolso (manchete do jogo Brasil x País de Gales). Aí reside o equívoco. Ou o jogo não é esse ou não está correta a data. Tal partida ocorreu na copa de 1958, na Suécia, e não no Chile, em 1962. Foi aquele jogo difícil, 1 x 0, gol de Pelé de cabeça… Foi a única copa que Gales disputou. Aliás, naquela os britânicos disputaram com quatro seleções: Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte. Foram com todos uma única vez. E, naqueles tempos, as copas eram com só 16 participantes. Só para alertar. No mais, tudo na tranquilidade e bola pra frente. Abraços. (Antonio Tomaz)

Sem cochilar na dúvida (portanto a foto de Moscaleski é de 1958) também me corrige o caro Flavio Jacobsen:

– O Brasil jogou com País de Gales em 1958. 2 x 0.

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Com os devidos e justos reparos em uma data que acolhi sem checar (bom do jornal é que no dia seguinte tem outro), agora é a artista plástica Iara Teixeira que nos leva a outras duas mesas do passado: “Num desses restaurantes Bambu, com certeza”, observa a filha do escritor Nireu Teixeira.

Na década de 40, Armando Maranhão (cenógrafo), Paschoal Carlos Magno (o lendário guru do teatro amador carioca) e Aristides Teixeira. (Atenção: no alto, à esquerda, aquilo não é uma televisão de 42 polegadas).

Na foto seguinte, pai e filho: Aristides Teixeira e Nireu Teixeira (“Fim dos anos 40, comecinho de 50, o pai novinho de tudo, ainda sem bigode. Veja que a parede tem algo que parece mais uma palha, mas o conceito do restaurante parece ser o mesmo das outras fotos que você publicou”).

De fato, Iarinha: o conceito era muito bambu e palha porque na época os arquitetos decoradores ainda estavam em projeto.