Todo mundo sabe que o ex-presidente Itamar Franco tinha muitos defeitos. Sovina, vaidoso e mulherengo, entre outros, mas todos reconhecem que uma de suas qualidades era a honestidade. Pelo menos até prova em contrário.

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Assim que morreu, depois de pesar seus prós e contras, quando o mineirinho chegou no Céu foi recepcionado com um jantar na casa de São Pedro. Depois de atravessar os Portões Celestiais e ao ser levado para o aperitivo com Todos os Santos (São Tomé não quis acreditar que no Brasil pudesse existir um político honesto) Itamar Franco viu uma gigantesca parede forrada de relógios.

Enquanto São Martinho (o padroeiro dos bêbados) servia o vinho, Itamar perguntou:

– O que são todos aqueles relógios?

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São Pedro respondeu:

– São os Relógios da Mentira. Todo mundo na Terra está conectado a um mentirômetro. Como se fosse um relógio medidor de água. Cada vez que uma criatura mente, o mentirômetro é recarregado e o ponteiro de seu relógio move-se.

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– Oh! – exclamou Itamar Franco – De quem é aquele relógio ali?

– Era o de Madre Teresa, ficou como exemplo: o ponteiro nunca se moveu, indicando que ela nunca mentiu.

– E aquele, é de quem?

– É o do papa. Uma vez o ponteiro se moveu uma com força, indicando que, no fundo, no fundo, ele faltou com a verdade quando o Vaticano proibiu o uso da camisinha.

– Que interessante! E quem inventou o mentirômetro?

– O Gepeto, o pai do Pinóquio. Foi ele que inventou essa espécie de pilha que pode fornecer energia até para uma cidade inteira, conforme o potencial do mentiroso e o tamanho de suas mentiras. O meu celular, por exemplo, tem uma pilha conectada ao José Dirceu, aquele do Mensalão. Não descarrega nunca.

– E o Relógio do Lula, também esta aqui? – perguntou Itamar.

– Ah! O do Lula está na minha sala. Estou usando como ventilador de teto.

– Puxa, esse tipo de energia renovável devia ser usado no Brasil. Conheço tantos políticos mentirosos que só o Senado poderia substituir a Usina de Itaipu.

– Realmente. Uma parte da energia consumida no Purgatório vem de Brasília, com o mentirômetro permanentemente conectado à TV Senado.

– Então aqui os carros são movidos a mentira?

– Perfeitamente. O carro do São Cristóvão, o padroeiro dos motoristas, foi o primeiro veículo adaptado ao mentirômetro.

– E vêm de onde as mentiras dos automóveis?

– Da Câmara dos Deputados. Veja o caso desse tal de Luiz Pagot: o depoimento dele fez girar tanto o relógio, que agora vamos conectar todos os políticos ligados ao ex-ministro dos Transportes num mentirômetro com capacidade de iluminar o Inferno.