Assim como na guerra, quando se trata de atrair turistas a principal vítima é a verdade. Esta temporada de verão em Santa Catarina começou tão mal que até a imprensa local – normalmente zelosa com a autoestima nativa – reconhece que o governo não tem pisado da bola. Tem pisado, e muito, na boa fé dos turistas ao não alertar paranaenses, paulistas, cariocas, gaúchos, argentinos, paraguaios e gente do mundo inteiro sobre as históricas e graves deficiências de infraestrutura do litoral de Santa Catarina.
Para o jornalista Carlos Damião, do jornal Notícias do Dia, o governo de Santa Catarina e as prefeituras não passariam qualquer vergonha em admitir, para as próximas temporadas, que o litoral catarinense não tem capacidade para receber uma demanda tão extraordinária de turistas quanto a registrada na virada de 2013 para 2014: “Não precisamos nos livrar dos visitantes, mas devemos ser honestos com eles, em especial nas campanhas promovidas em São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre e outros grandes pontos de captação. Ao invés de vender nossas maravilhas, que são mesmo excepcionais, as autoridades têm que explicar, no material de campanha, que nossos espaços são limitados e que a infraestrutura básica não pode ser ampliada em seis meses, porque isso é impossível do ponto de vista da engenharia civil e da engenharia financeira. O que não dá para aceitar é a repetição reiterada do vexame, ano após ano com água e energia insuficiente, sem falar nas nossas rodovias e ruas entupidas de automóveis”.
Passar um fim de semana em Santa Catarina, atualmente, é uma aventura. Ninguém acredita que vai ficar horas e horas padecendo na estrada para encontrar um apartamento sem luz e água, mas mesmo assim o otimista jura que no final tudo vai dar certo. Afinal, esses azares só acontecem com os outros.
“Me engana que eu gosto!” – diz a sogra ao lado, saudosa de Guaratuba, Caiobá e Matinhos. Pelo menos nas praias do Paraná não estão vendendo baiacu por robalo.