Na orelha do livro “Maysa – Só numa multidão de amores”, de Lira Neto, escreveu o escritor Ruy Castro: “Dos olhos que assombravam os poetas, à voz adulta que saía de uma grande cantora e mulher; dos pileques desesperados com as bebidas certas aos muitos amores com os homens errados; e das encrencas sem conta (que, às vezes, ela mesma provocava) às cruéis manchetes dos jornais, que não a deixavam em paz, que história, a de Maysa! Pois nada ficou de fora neste livro”.

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Faltou dizer a Ruy Castro: só ficou de fora o depoimento de Rose Rogoski – a nossa Rose Polaca -, com as mais secretas e íntimas revelações de Maysa Monjardim Matarazzo.

Poucas horas antes de Maysa morrer num acidente na Ponte Rio-Niterói, quando dirigia sozinha no início da noite de 22 de janeiro de 1977, um sábado, aos 40 anos, só uma pessoa poderia ter evitado a tragédia: sua amiga paranaense Rose Rogoski, que naquele dia estava no Rio de Janeiro e recebeu de Maysa insistentes convites para passar com ela o fim de semana em Maricá, na casa de praia da cantora. Rose não foi, Maysa se foi.

Rose Polaca havia ficado amiga íntima de Maysa um ano antes do acidente fatal. Antes, apenas se conheciam do Chico’s Bar, na Lagoa, época em que Rose trabalhava na TV Educativa do Rio de Janeiro, no projeto do programa Sítio do Picapau Amarelo.

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Rose Rogoski nasceu em União da Vitória (PR), há 65 anos. Filha de pai ferroviário, é socióloga e relações-públicas. Foi secretária do então governador Paulo Pimentel e depois o acompanhou durante largo período na TV Iguaçu. No governo Álvaro Dias, foi nomeada assessora especial da primeira-dama Débora Dias, quando também veio a ocupar o cargo de diretora administrativa do Provopar.

Solteira e sem filhos, discreta, sempre elegante, suave na pele e na voz, Rose Polaca continua uma bela e encantadora mulher. Em Curitiba e no Rio de Janeiro, circulava leve e solta no mundo político e artístico, entre escritores e jornalistas.Hoje recolhida em Curitiba, pouco circula nos encontros sociais ou culturais da capital, no entanto seu telefone alcança números que poucos jornalistas conseguem ter na agenda.

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Rose tornou-se a confidente das piores horas de Maysa: “Ela me atentou a vida!”, relembra. “Tinha dias em que Maysa bebia demais, me enchia o saco. Assim, eu a mandava para o hotel Brasília, na esquina do Solar do Barão. Não saía à noite, dividíamos o tempo entre reuniões de amigos, especialmente jornalistas, fins de semana numa fazenda, passeios a Antonina, na casa de Wilson Rio Appa, até uma viagem às Sete Quedas nós fizemos.”

No confortável apartamento de Rose, no Bacacheri, dois atormentados astros da MPB já procuraram um bom abrigo: primeiro foi Maysa, depois foi o saxofonista Victor Assis Brasil, também hóspede costumeiro da doce polaca Rogoski.

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O escritor Lira Neto, ao escrever a biografia da mãe de Jayme Monjardim, não chegou a entrevistar Rose Polaca. Se assim o fizesse, teríamos outras revelações que, sem censura, deixariam a história de vida da compositora mais próxima de seus versos: “Meu mundo caiu / você conseguiu / E agora diz que tem pena de mim…”.