Bem sabe o deputado Valdir Rossoni, formado em Matemática pela Universidade Estadual de Ponta Grossa, que algebricamente um corpo é fechado quando o polinômio tem uma raiz no corpo. Mas como no presente momento nos interessa saber por que aqui no Paraná dois mais dois são cinco, o que se pergunta é de onde vem a sobrenatural coragem do deputado. Teria ele o corpo fechado para enfrentar as forças do mal da Assembleia Legislativa?

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Não são poucos as rezas e rituais conhecidos para fechar o corpo. Sabe-se também que dificilmente as bruxas revelam suas orações e rezas de proteção porque temem que perca o encanto. Para não abrir o corpo, não se deve comer tapioca, sentar em pedra de amolar ou no pilão, nem atravessar riacho, passar por baixo de uma cerca sem tirar o chapéu, beber água de bruços ou atravessar uma encruzilhada.

Existem ainda orações para fechar o corpo contra os maus elementos, entre elas a poderosa oração de Santa Catarina:

“Santa Catarina milagrosa, se tiver alguma coisa atada dentro de minha casa ou do meu corpo, sairá em seu nome; se eu tiver inimigo não me enxergarão; não serei ferido com armas de fogo, nem com faca e não serei preso; de hoje em diante, não serei mordido de cobras, nem de aranhas. Em nome de Deus e de Santa Catarina não me botarão inveja, olho gordo e mau olhado”.

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Valdir Rossoni nasceu em Bituruna, quase na divisa do Paraná com Santa Catarina, na região do Contestado. “Catarina” por parte da vizinhança (basta atravessar o trilho entre União da Vitória e Porto União), não seria uma surpresa se o deputado estivesse sob a proteção de Santa Catarina na faxina já em curso na Assembleia Legislativa.

Surpresa seria se o oriundo de Biturana fosse protegido de Maria Sete Pelos, a prostituta e discípula do monge José Maria, o curandeiro de ervas que liderou os “pelados” contra a famigerada “Southern Brazil Lumber & Colonization Company“.

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No imaginário das mulheres dos caboclos do Rio Iguaçu, Maria Sete Pelos era uma prostituta que dormia com o Diabo em troca dos poderes de curar e fechar o corpo. A pecadora que aprendeu com o Capeta que a semente de um homem era o elixir dos deuses. A feiticeira que fazia reacender nos maridos paixões apagadas.

Como que hipnotizados pelo revoar daquela mariposa do Iguaçu, os fregueses de seu lupanar eram só olhos e ouvidos quando alguém perguntava à bruxa se era verdadeira sua ligação sexual com o Demônio.

Às gargalhadas, Maria Sete Pelos respondia: “À meia-noite no meu quintal com a cabeça ao ar, com a porta aberta para o Rio Iguaçu, eu enterro e desenterro umas botijas, e estou nua da cintura pra cima e com os cabelos soltos, e nua da cintura pra baixo eu falo com o diabo, e levo ele pra cama!”.

Por que os “sete pelos” da Maria?

 Este é um segredo que vou contar no meu próximo livro: “Maria Batalhão – Memórias de uma Senhora Cafetina”. Por enquanto só posso dizer que Maria Sete Pelos poderia ser a protetora de Valdir Rossoni contra balas quentes, facas frias, águas mortas e vivas, fogo, dentada peçonhenta, pragas e outros malefícios.