O presente que está sendo caprichosamente embalado para o natalício será para não esquecer nos próximos 29 de março, data de aniversário de duas cidades: Curitiba e Potylândia.

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Napoléon Potyguara Lazzarotto já não vive, mas se faz presente de norte a sul, de leste a oeste no mapa de Curitiba. Está no aeroporto, no mercado, no parque, na praça e na parede, no monumento à história. Numa cidade onde os artistas tornam-se invisíveis, Poty é o artista mais visível na cidade. Faz sentido, portanto, quando o forasteiro de olhos desacostumados diz que Curitiba é a Potylândia.

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O escritor americano David Foster Wallace conta que dois peixinhos estavam nadando juntos, quando cruzaram com um peixe mais velho, nadando em sentido contrário. Este os cumprimenta e diz:

– Bom dia, meninos. Como está a água?

Os dois peixinhos nadam mais um pouco, até que um deles olha para o outro e pergunta:

– Água? Que diabo é isso?

Curitiba respira Poty Lazzarotto. Mesmo assim, se perguntar para a maioria dos curitibanos, aqueles adventícios vão responder:

– Poty? Isso é nome de índio?

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O presente de aniversário será aberto pelas mãos da diretora do MON (Museu Oscar Niemeyer), Teca Sandrini, com as mesmas abençoadas mãos que acenaram para o nosso grande artista gráfico Miran assinar a curadoria da retrospectiva de Poty Lazzarotto.

De todos os desenhos de Poty, de minha parte gostaria de rever o original de um mapa amoroso de Curitiba que está no meu livro (Curitiba: Melhores Defeitos, Piores Qualidades) e que chegou a Curitiba nas mãos do advogado do artista e da Rede Globo, Luiz de Araújo Silva. Para não cair nas tentações do espeto corrido, o amigo carioca pediu então os rumos do bom e do melhor da cidade, mais as coordenadas para conhecer as obras espalhadas nessa Potylândia. O ilustrador de Guimarães Rosa desenhou então o seu próprio e singular mapa amoroso da cidade, com avenidas, ruas, bairros, esquinas, referências e observações. Os pontos, com desenhos a bico de pena, do roteiro para conhecer Curitiba a pé.

Foi em 1984. Certa noite, no Bar e Restaurante Palácio, Luiz Araújo da Silva estava com a esposa consultando o mapa afetivo de Poty, quando um jornalista curioso, na mesa ao lado, perguntou ao casal onde haviam conseguido o inusitado mapa. “Ganhamos do amigo Poty, para nos orientar na cidade”, respondeu o advogado. O jornalista, mais do que depressa, pediu licença para fotografar a obra na redação do jornal “Correio de Notícias”, que ficava a poucas quadras. Assim foi feito.

 Dias depois o mapa foi estampado no jornal, contando a história de um carioca que conheceu Curitiba através dos traços de Poty. Fábio Campana foi o jornalista curioso e este que conta a história editou o mapa amoroso numa página inteira no caderno de Variedades.

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