Manual do vereador (2)

Com prefácio do escritor Deonísio da Silva, um resumo do que seria um “Manual de Instruções” para bem escolher um candidato a vereador. Para não complicar a cabeça do eleitor (fosse assim chamaríamos um cientista político para escrever o prefácio), o candidato a edil precisaria possuir “Sete Virtudes Capitais”, requisitos para se contrapor aos “Sete Pecados Capitais”:

 1 – Temperança (gula); / 2- Generosidade (avareza); / 3- Humildade (soberba); / 4- Castidade (luxúria); / 5- Disciplina (preguiça);/ 6- Paciência (ira); / 7- Caridade (inveja).

Honestidade é o mesmo que Temperança, que no dicionário significa austeridade, entre outros sinônimos. No Paraná, aos “Sete Pecados Capitais” é preciso acrescentar o Nepotismo. Se bem que, no nosso caso, o nepotismo pode ser atribuído à Soberba, o reverso da Humildade.

Para que todos tenham uma noção das práticas comuns entre muitos vereadores, o “Manual de Instruções” ao eleitor deve publicar os “Dez Mandamentos” de um edil que não merece o nosso voto: 

1- Amar o poder sobre todas as coisas; 2- Não tomar o santo nome do prefeito em vão; 3- Guardar os sábados, domingos, feriados e mais três meses de férias; 4- Honrar pai, mãe, filhos, sobrinhos e netos com cargos em comissão; 5- Não matar a mamata de ninguém; 6- Não pecar contra os financiadores de campanha; 7- Não furtar pouco; 8- Não levantar fundado testemunho; 9- Não desejar a secretária do gabinete próximo; 10 – Não cobiçar, muito menos comentar, as negociatas alheias.

No “Novo Testamento”, no livro de São Mateus, está escrito: “É mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha que um rico entrar no Reino dos Céus”. O problema, afirmam alguns estudiosos, é que São Jerônimo, o tradutor do texto, interpretou a palavra “Kamelos” como camelo, quando na verdade, em grego, “kamelos” são as cordas grossas com que se amarram os barcos. A ideia da frase permanece a mesma, mas qual parece mais coerente?

Tanto faz, diria o “Manual de Instruções ao eleitor”: É mais fácil um camelo (ou kamelos) passar pelo buraco de uma agulha que um vereador fazer da Câmara Municipal o Reino dos Céus.