Nas catacumbas do off, diga com sinceridade: você já escolheu em quem votar para deputado? Segundo gente do ramo, a grande maioria ainda não tem candidato. Por obrigação, o eleitor vai votar no primeiro santinho que encontrar na calçada, na boca da urna.

continua após a publicidade

Votar para governador ou presidente é muito fácil, devido ao tempo que o candidato tem no rádio e televisão.Difícil é escolher um dos tantos candidatos a deputados. Principalmente deputado estadual. Para melhor decidir, o TRE deveria fornecer um Manual de Instruções ao eleitor.

Esse manual abriria com a frase de Mencken, para deixar bem claro como as coisas funcionam realmente na política:

– A democracia é a arte e ciência de administrar o circo a partir da jaula de macacos.

continua após a publicidade

Em seguida, uma página do filólogo e escritor Deonísio da Silva nos ensinaria a origem da palavra em questão, para ninguém votar no elemento com a ficha suja: “Candidato quer dizer cândido, alvo, limpo. Na velha Roma, os candidatos se vestiam de branco para mostrar que eram honestos, sem mácula, sem sujeira”.

 Quais seriam as virtudes de um deputado? Para não complicar a cabeça do eleitor (fosse assim chamaríamos um cientista político), o candidato precisaria possuir 7 Virtudes, requisitos para se contrapor aos 7 Pecados Capitais:

continua após a publicidade

1- Temperança (gula); 2- Generosidade (avareza); 3- Humildade (soberba); 4- Castidade (luxúria); 5- Disciplina (preguiça); 6- Paciência (ira); 7- Caridade (inveja).

E a Honestidade, não seria este um requisito fundamental? Esta virtude é a temperança, que no dicionário significa austeridade, entre outros sinônimos. Quanto aos sinônimos de ladrão, a lista é interminável: corrupto, gatuno, amigo do alheio, abafador, ladravaz, rapinador, malufista e por aí vai, conforme a região do Brasil.

No Brasil de modo geral, aos 7 Pecados Capitais é preciso acrescentar o Nepotismo. Se bem que, no nosso caso do Paraná, o nepotismo pode ser atribuído à Soberba, o reverso da Humildade.

Para que todos tenham uma noção das práticas comuns entre os legisladores, o Manual de Instruções ao eleitor deve publicar os 10 Mandamentos de um edil que não merece o nosso voto: 

1- Amar o poder sobre todas as coisas; 2- Não tomar o santo nome do governador em vão; 3- Guardar os sábados, domingos, feriados e mais três meses de férias; 4- Honrar pai, mãe, filhos, sobrinhos e netos com cargos em comissão;5- Não matar a mamata de ninguém; 6- Não pecar contra os financiadores de campanha; 7- Não furtar pouco; 8- Não levantar fundado testemunho; 9- Não desejar a secretária do gabinete próximo; 10 – Não cobiçar, muito menos comentar, as negociatas alheias.

No Novo Testamento, no livro de São Mateus, está escrito: “É mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha que um rico entrar no Reino dos Céus”. O problema, afirmam alguns estudiosos, é que São Jerônimo, o tradutor do texto, interpretou a palavra “Kamelos” como camelo, quando na verdade, em grego, “kamelos” são as cordas grossas com que se amarram os barcos. A idéia da frase permanece a mesma, mas qual parece mais coerente?

Tanto faz, diria o Manual de Instruções ao eleitor: é mais fácil um camelo (ou “kamelos”) passar pelo buraco de uma agulha que um político fazer seus eleitores entrarem no Reino dos Céus.