No Dia de Tiradentes alguém há de perguntar: o que se passa com a malhação de Judas? O crime prescreveu ou foi levado ao Supremo Tribunal Federal e algum ministro beneficiou os traidores da Pátria com os milagrosos embargos infringentes? Será que o ato do indigitado já foi perdoado, visto que são tantos os similares na história deste país? – a começar por Joaquim Silvério dos Reis, o Judas da Inconfidência Mineira.

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Judas para a malhação foi o que não faltou nesse Sábado de Aleluia. A começar pelo deputado André Vargas. De Londres a Londrina, nunca antes na história deste país um Judas foi tão compartilhado no pelourinho do Facebook. Se o pau que bate em Chico bate em Francisco, não escapam da malhação o doleiro Alberto Yussef e os quadrilheiros indiciados na Operação Lava Jato da Polícia Federal: Paulo Roberto da Costa, ex-diretor de abastecimento do propinoduto da estatal, e Nestor Ceveró – o homem que em Paranaguá já ganhou o apelido de “linguado no freezer”. Agora conhecido como o Ali-Babá dos quarenta ladrões da Petrobrás, o “muy amigo” Yussef deve levar consigo para a malhação a rede de lavanderias que os Mensaleiros abriram por esse Brasil afora, tendo o deputado André Vargas como um dos mais afoitos franqueados.

Apesar de toda a malhação nos porões da Polícia Federal, onde os maiores ruídos são ouvidos apenas nos corredores do Congresso Nacional, pelo menos em Curitiba o Sábado de Aleluia transcorreu na mais perfeita ordem. Afora as troças e galhofas do viaduto estaiado, não se ouviu o alarido da piazada malhando o Judas e o que se sentiu nas ruas da cidade foi o persistente mau cheiro de que há algo de podre no reinado da Dilma.

Nessa terça-feira, desce em Curitiba o Inspetor-Geral Jérôme Valcke, acompanhado de uma delegação composta por 17 comissários da Fifa. Escoltados pelo ministro do Esporte Aldo Rebelo, mais os ex-jogadores Ronaldo e Bebeto, os interventores seguem direto do aeroporto Afonso Pena para uma reunião com o governador Beto Richa, o prefeito Gustavo Fruet e o presidente do Clube Atlético Paranaense Mario Celso Petraglia.

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Assim como a calmaria antecede as grandes tempestades, o que se teme é que a tradição ibérica da malhação do Judas no Sábado de Aleluia tenha sido transferida para amanhã, na Arena da Baixada. Entre tantos apóstolos reunidos em torno de Jérôme Valcke, um Judas não há de faltar.