Mais um jeitinho brasileiro

A falta de infraestrutura, esse mal que aflige o Brasil – água, luz e esgoto, para dizer o mínimo – está provocando a possibilidade de se restringir o volume de turistas nas nossas praias, com a cobrança de taxa para entrada nos mais concorridos pontos turísticos do litoral. Especialmente em Santa Catarina, onde cada metro quadrado de praia é disputado a tapa, a cobrança de pedágios na circulação de turistas já está sendo avaliada sem o mínimo pudor. Ou seja, o sagrado direito de ir e vir pode estar com seus dias contados.

Como bem sabemos, na Ilha do Mel o turista precisa pagar a passagem de barco, que custa R$ 18, e desembolsar R$ 6 para a taxa de visitação, que não pode ultrapassar o limite de cinco mil pessoas. Em Fernando de Noronha o ingresso é de R$ 65 para brasileiros e R$ 130 para estrangeiros. Já em Ilha Bela, São Paulo, uma lei municipal faz com que veículos do tipo van, Kombi, micro-ônibus e ônibus precisem de uma autorização paga para entrar na cidade.

Em Santa Catarina, quem primeiro saiu na frente pela cobrança de pedágio é a praia de Bombinhas, justamente uma das mais desejadas joias da coroa de Santa Catarina. Ainda em estudos, o pedágio de veículos para entrar na cidade custaria de R$ 50 a R$ 100. O valor seria mais alto para turistas que não forem passar a noite.

Com a falta de água em vários pontos do litoral de Santa Catarina, com turistas cancelando reservas e famílias contratando caminhão pipa para o abastecimento, não é de se estranhar que a possiblidade da cobrança de pedágio nas praias seja encarada como uma solução milagrosa para a eterna carência de infraestrutura do litoral.

Dos prós e contras à proposta, de uma coisa ninguém discorda: enquanto com a iniciativa privada os preços seriam escorchantes, nas mãos do governo o pedágio seria mais uma das tetas da corrupção. Com tantas praias à disposição, seria mais jeitinho brasileiro para se tapar o sol com a peneira. De dia falta água, de noite falta luz e pedágio para ir e vir.