“E se este mundo for o inferno de outro planeta?” A pergunta do escritor Aldous Huxley cada vez faz mais sentido neste admirável mundo novo, onde vivemos aos trancos e barrancos. Quem pode garantir que em algum outro canto escuro do universo um outro muito mais velho e admirável mundo não só exista, como também seja cópia perfeita e bem acabada deste mundinho onde vivemos?

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Como grande artista que é, Deus não deve ter sido o criador de uma obra única. Para chegar à perfeição, o Todo-Poderoso deve ter passado por um longo e penoso processo de criação. No conjunto da obra, deve ter chegado a resultados diversos. Como atestam os grandes mestres, é preciso realizar mil trabalhos para se chegar a um resultado perfeito, a obra-mãe. Mas como seria esse admirável mundo perfeito?

Corta! A cena agora se passa na porta do Paraíso, onde um gênio da espécie humana é recebido por São Pedro:

– Sinto muito, seu nome não está na lista. Você deve estar na lista dos que vão para o planeta Terra. Uma sucursal do inferno.

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A sumidade vai para o planeta Terra, onde Satã o recebe de braços abertos. Depois de alguns dias, o gênio acha que a temperatura da Terra está muito alta e o meio ambiente deixa a desejar. Ele imediatamente se reúne com as maiores inteligências da Terra e consegue solucionar o problema, criando uma infraestrutura de transportes não poluentes, racionalizando o uso da energia, até revolucionando a economia mundial com uma justa distribuição de renda. É o paraíso no inferno.

Essa situação chega aos ouvidos de Deus, que chama Satã e lhe pergunta o que está havendo. Satã explica que o gênio rechaçado do Paraíso reorganizou tudo e a Terra ficou uma maravilha. Deus lhe ordena então devolver a rara inteligência. Satã recusa. Deus insiste. Satã continua recusando. Então Deus perde a serenidade:

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– Se você insistir na recusa, por desacato à autoridade suprema vou cortar todos os meus financiamentos! 

O Satã responde:

– Financiamentos? De onde o Senhor pensa que vem todo esse dinheiro?