É proibido proibir e revogam-se disposições em contrário. Desde maio de 1968, quando os jovens do mundo inteiro ergueram barricada contra o conservadorismo, nunca se viu coisa igual à Lei da Copa. Por incrível que pareça, enquanto a garotada tenta ocupar os principais centros financeiros do mundo, aqui no Brasil o líder anarquista Joseph Blatter canta o épico de Caetano Veloso: “E eu digo sim ao sim / E eu digo não ao não / E eu digo: é proibido proibir”.
Com Joseph Blatter e o ministro (não o cantor) Orlando Silva no comando, a Taça da Mundo é nossa. A taça da corrupção, porque com mais alguns retoques a Lei da Copa pode chegar ao Vale Tudo da rapinagem. O que é bem diferente da Geleia Geral do Tropicalismo, quando é proibido proibir.
O atual projeto da Lei Geral da Copa prevê a suspensão do Estatuto do Idoso, do Estatuto do Torcedor, das Leis Estaduais que concedem meia-entrada para os estudantes e do Código de Defesa do Consumidor durante a Copa do Mundo de 2014 no Brasil; permite ao fornecedor o poder de estabelecer livremente condições de cancelamento, devolução e reembolso de ingresso; e possibilita a venda casada de produtos, prática ilegal que condiciona o consumidor a comprar um produto para poder adquirir outro. Da forma proposta pela Fifa, serão permitidas vendas casadas de bebidas, a compra de ingressos condicionada a pacotes turísticos e, com grandes possibilidades, os agentes de Blatter ficariam até encarregado da fiscalização e arrecadação das multas de trânsito.
Mesmo considerando-se que o fim da meia-entrada é o melhor parágrafo do projeto (agora só falta exigirem meia-entrada nos bordeis), a Lei da Copa seria o Cavalo de Troia da corrupção. Do jeito que se encaminhava, e antes que até os Irmãos Metralhas se associassem com a Fifa, botaram Orlando Silva no freezer. Agora a Lei Geral da Copa e demais decisões relativas ao evento ficarão nas mãos da presidente Dilma e da chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann. Menos mal, não fosse assim o Brasil teria como certa a medalha de ouro no Vale Tudo.