Legados da Copa

Talvez preocupado com a realização da Copa do Mundo na Itália, que seria realizada somente em 1934, no dia 22 de junho de 79 d.C. o imperador romano Vespasiano enviou uma carta para seu filho Tito, com os seguintes conselhos:

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Tito, meu filho, estou morrendo. Logo eu serei pó e tu, Imperador. Espero que os deuses te ajudem nesta árdua tarefa, afastando as tempestades e os inimigos, acalmando os vulcões e os jornalistas. De minha parte, só o que posso fazer é dar-te um conselho: não pare a construção do Colosseum (Coliseu). Em menos de um ano ele ficará pronto, dando-te muitas alegrias e infinita memória. Alguns senadores o criticarão, dizendo que deveríamos investir em esgotos e escolas. Não dês ouvidos a esses poucos. Pensa: onde o povo prefere pousar seu “clunis” (nádegas em latim)?

– Numa privada, num banco de escola ou num estádio?

Num estádio, é claro. Será uma imensa propaganda para ti. Ele ficará no coração de Roma por omnia saecula saeculorum, e sempre que o olharem dirão: Estás vendo este colosso? Foi Vespasiano quem o começou e Tito quem o inaugurou!

Outra vantagem do Colosseum: ao erguê-lo, teremos repassado dinheiro público aos nossos amigos construtores, que tanto nos ajudam nos momentos de precisão. Moralistas e loucos dirão que mais certo seria
reformar as velhas arenas. Mas todos sabem que é melhor usar roupas novas que remendadas. Velca eco appareat (Até um cego vê isso).

Portanto, deves construir esse estádio em Roma. Enfim, meu filho, desejo-te sorte e deixo-te uma frase:

– Ad captandum vulgus, panem et circenses (Para seduzir o povo, pão e circo).

Esperarei por ti ao lado de Júpiter.

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O Imperador Vespasiano morreu no dia seguinte à carta. Tito inaugurou o Coliseu com cem dias de festas, não exatamente como aconteceria em 1934, quando a Itália venceu a Thecoslováquia por 2 x1 e levou o caneco pela primeira vez.